No novo modelo proposto o peso administrativo é menor,
já que os itens frequentes em uma internação passam a ser cobrados
de forma agrupada
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), representantes
dos hospitais e dos planos de saúde assinam nesta quinta-feira,
6/12/2012, acordo para adoção de novos modelos de remuneração dos
atendimentos feitos aos clientes dos planos de saúde, buscando a
utilização de boas práticas de gestão, tanto nos hospitais quanto
nos planos de saúde.
No atual modelo de remuneração dos hospitais, denominado “conta
aberta por unidade de serviço” (fee-for-service), cada item
utilizado na internação do paciente é detalhado na conta, após um
processo de faturamento em que profissionais de saúde contratados
pelo hospital analisam a internação. Nesse modelo, os planos de
saúde também têm grandes equipes contratadas para rever as contas e
discutir valores e quantidades cobrados.
No novo modelo proposto o peso administrativo é menor, já que os
itens frequentes em uma internação passam a ser cobrados de forma
agrupada. Ou seja, serviços de enfermagem, serviços administrativos
e recursos físicos (móveis, instrumentais cirúrgicos, utilização de
salas, materiais descartáveis, entre outros) serão cobrados como um
único item na conta hospitalar.
O objetivo é fazer com que os hospitais passem a oferecer
produtos completos aos planos de saúde. Uma cirurgia, por exemplo,
passará a ser um item único na conta hospitalar, já contemplando
todo o período de internação do paciente, bem como os recursos
humanos e físicos necessários. Para isso, os hospitais terão de
reformular os protocolos e diretrizes para realização de cada tipo
de procedimento. Os protocolos são uma espécie de roteiro médico,
com a relação dos materiais, exames e recursos necessários para
realização do atendimento ao paciente.
“Com isso, mudam os incentivos. Torna-se fundamental que os
hospitais busquem comprar os melhores insumos pelos menores preços
e que as equipes assistenciais participem da formatação dos
serviços hospitalares. A mudança do modelo possibilita o
reconhecimento e a premiação das melhores equipes e muda a relação
com os planos de saúde, que passam a analisar a indicação clínica
que o paciente possuía para o procedimento e a qualidade dos
serviços prestados, ao invés de analisar a composição das contas,
agilizando o processo de autorização dos procedimentos para os
pacientes e o pagamento para os hospitais”, analisa Carlos
Figueiredo, Gerente de
Relação com Prestadores da ANS.
Para a adoção do novo modelo, hospitais e operadoras deverão
qualificar os seus processos de trabalho e os modelos de gestão,
focando na melhoria da assistência aos clientes de planos de saúde.
“A proposta inicial é que a adoção seja voluntária, mas a ANS já
está estudando formas de indução, caso necessário, para maior
aderência ao modelo proposto. O principal ganho nesse momento é que
a ANS passa a oferecer ao setor um conjunto de referências e
conceitos técnicos que, por terem sido pré-acordado por todos,
possibilita a adoção do novo modelo de forma mais rápida e com um
menor custo de construção de consenso reduzindo assim a necessidade
dessa discussão caso a caso entre operadoras e hospitais”, salienta
Bruno Sobral de Carvalho, Diretor de
Desenvolvimento Setorial da ANS.
Para o desenvolvimento da proposta do novo modelo de remuneração
para os hospitais que atendem aos clientes dos planos de saúde, a
ANS coordenou um Grupo de Trabalho composto por representantes dos
hospitais (Associação Nacional dos Hospitais Privados – ANAHP,
Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e
Entidades Filantrópicas – CMB, Confederação Nacional de Saúde – CNS
e Federação Brasileira de Hospitais – FBH) e dos planos de saúde
(Associação Brasileira de Medicina de Grupo – ABRAMGE, Federação
Nacional de Saúde Suplementar – FENASAÚDE, União Nacional das
Instituições de Autogestão em Saúde – UNIDAS e UNIMED do Brasil –
UNIMED).