Restrições a
publicidade, impedimento de uso de cartões de desconto e outras
regras já estão em vigor no funcionamento de clínicas populares de
atendimento médico. Estabelecimentos em Rio Preto e região estão se
adequando às determinações do Conselho Federal de Medicina (CFM),
que definiu critérios para o funcionamento destas unidades.
As novas regras foram
instituídas pela Resolução nº 2.170/2017 aprovadas pelo Conselho
Federal de Medicina (CFM), publicada no dia 24 de janeiro no Diário
Oficial da União. De acordo com o documento, estes locais, também
chamados de clínicas médicas de atendimento ambulatorial, são
considerados empresas médicas e, por isso, devem observar, os
critérios de publicidade e funcionamento adotados pelo CFM.
Por aquela Resolução, a
clínica pode divulgar internamente dos valores de consultas, exames
e procedimentos realizados, mas está proibida de fazer publicidade
com indicação de preços de consultas, formas de pagamentos que
caracterizem a prática da concorrência desleal, comércio e captação
de clientela. Também não pode fazer uso de cartão de descontos.
Outra determinação é a
clínica não tenha conexão com outros serviços, como a venda de
órteses, próteses, farmácias, drogarias ou pontos de comércio de
outros produtos de saúde. Também está impedida de ter interação com
comércio varejista de combustíveis (postos) ou estabelecimentos
comerciais de estética e beleza.
O Conselho Regional de
Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) considera que estas
determinações têm objetivo de defender e seguir o Código de Ética
Médica e esclarece que as clínicas médicas devem se adequar o mais
breve possível às normas.
O conselheiro da
delegacia do Cremesp em Rio Preto, Pedro Teixeira, diz que as
clínicas populares terão que seguir o que reza o Código de Ética
Médica e as resoluções do CFM. "As que não seguirem, serão
fiscalizadas e o diretor técnico, caso tenha, poderá ser processado
eticamente. Caso não tenha registro no Conselho nem responsável
técnico, será encaminhada ao Ministério Público," disse.
Ele considera que, para
a maioria das clínicas que trabalha nessa modalidade em Rio Preto,
não vai mudar muita coisa. "Por conta do Código de Ética Médica,
essas regras já existiam e muitas já praticavam. O que mudou foi
que o Conselho, agora, passou a aceitar essas clínicas como
éticas."
É o caso da Clínica Med
Norte, que atende de 100 a 120 pacientes por dia e conta com mais
de 50 especialidades médicas. A administradora Andréia Casseb
contou em entrevista ao Diário que a nova resolução não implicará
nas atividades. "Desde nossa abertura em 2015, já trabalhamos dessa
forma. Nunca informamos os valores das consultas pela internet ou
até mesmo em panfletos. Como os diretores da Med Norte são médicos,
exercemos nossas atividades dentro do código de ética imposto pelo
CFM," disse.
A clínica Pronto Saúde,
em nota à imprensa, disse ver de forma positiva as novas regras.
"Ressaltamos que a clínica já segue a maioria dos artigos
estabelecidos pela resolução, desde a sua inauguração em abril de
2016. Além disso, o planejamento estratégico da clínica para este
semestre já previa a mudança da fachada com a retirada dos
valores."
De acordo com o Cremesp,
não é possível quantificar o número de clínicas populares em Rio
Preto. "Não há uma classificação como clínica popular no Cremesp,
estando todas registradas pelo CNPJ," disse o conselheiro. Entre as
clínicas pesquisadas pelo Diário, consultas e exames custam a
partir de R$ 80, dependendo da especialidade.
A crise econômica e a alta no desemprego fizeram
com que moradores de Rio Preto acabassem perdendo seus planos de
saúde. Entre 2016 e 2017, diminuiu em 2.835 o número de usuários de
planos de saúde na cidade, segundo a Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS).
A supervisora de caixa Andressa Silva, desistiu de
pagar convênio médico após sua demissão apertar o orçamento
doméstico. Desde então, a supervisora contava com o atendimento do
SUS.
"Esperei mais de um ano para fazer uma mamografia
através do SUS, até que descobri uma dessas clínicas populares.
Para mim vale muito a pena, pois só pago quando preciso utilizar e
não fico esperando meses para ser atendida ou fazer um exame,"
disse. (IM)