As seguradoras estão contando com
tecnologia em tempo real para ajudá-las a reduzir o pagamento de
indenizações, que vão desde um sistema que alerta navios sobre a
proximidade de piratas até um aplicativo que se oferece para
comprar um café para motoristas com sono em estradas.
A atração de produtos que prometem
reduzir as indenizações em um mercado altamente competitivo levou a
um salto nos investimentos em tecnologia para seguros (insurtech)
na Europa para mais de 400 milhões de dólares na primeira metade de
2017, ante apenas 50 milhões de dólares um ano atrás.
O objetivo é fazer com que as
seguradoras não interajam com os clientes somente quando algo der
errado, e sim, encorajar um comportamento mais seguro, através de
produtos que chamam atenção.
Embora a ideia não seja totalmente
nova, a tecnologia está tornando-a mais presente, gerando alertas
de reguladores sobre risco de discriminação.
As seguradoras dizem que agora podem
evitar estes perigos conforme exploram o blockchain – bancos de
dados invioláveis compartilhados e atualizados em rede -, big data,
que consiste na análise de um grande número de dados em busca de
tendências, assim como a inteligência artificial por trás de
carros, drones e softwares de reconhecimento de voz.
“As novas tecnologias têm o potencial
de virar o jogo (da compensação por perdas para a mitigação de
riscos)”, disse Simon Tottman, chefe de pesquisa de seguros no
Reino Unido e Irlanda para a consultoria Accenture.
O maior aumento do investimento em
tecnologia para seguros foi registrado no Reino Unido, onde, apesar
do voto para sair da União Europeia, atingiu 279 milhões de dólares
nos seis meses até o final de junho ante 9 milhões de dólares no
ano anterior, segundo a análise da Accenture, baseada em dados da
CB Insights
No resto da Europa, o investimento
aumentou para 134 milhões de dólares, ante 37 milhões de dólares um
ano antes, e algumas seguradoras também estão formando parcerias
com empresas de tecnologias voltadas para seguro.
Riscos
O foco na Grã-Bretanha na análise de
mídias sociais para avaliar a probabilidade de reivindicação de
seguro alimentou as preocupações com a segurança de dados. A
seguradora de automóveis britânica Admiral teve que abandonar os
planos no ano passado de levantar dados no Facebook para definir
prêmios de seguro após objeções pela empresa de mídia social.
A Federação das Organizações de
Consumidores Alemãs (VZBV) vê riscos de que a utilização de big
data em seguros pessoais supere os benefícios, ao temer que isso
transforme o seguro de divisão coletiva de riscos coletiva em um
árbitro de normas sociais.
A nova legislação de proteção de dados
da União Europeia que entrará em vigor em 2018 deve fortalecer os
direitos dos consumidores, de acordo com um documento de discussão
publicado pelas autoridades de supervisão europeias em dezembro de
2016, que alertou as instituições financeiras para considerar as
dimensões legais do processamento de dados de redes sociais.
Os reguladores europeus também se
preocupam com a exclusão social e estão verificando se os dados
estão sendo utilizados para encarecer o seguro para aqueles
considerados de risco mais alto.
Andrew Brem, diretor digital da
empresa britânica Aviva, que tem como objetivo investir 100 milhões
de libras nos próximos anos em startups de tecnologias para
seguros, diz que o objetivo é apenas promover comportamentos menos
arriscados.
“Em nosso setor, a tecnologia pode ser
muito poderosa para ajudar as pessoas a fazer escolhas mais
inteligentes”, disse Brem, cuja empresa possui um escritório
concentrado em insurtech em uma antiga garagem no chamado Silicon
Roundabout de Londres, a leste da cidade.