Um terço das
mortes acima dos 75 anos pode ser atribuído ao mal, mas
identificação da causa pode ser errônea
Um
estudo norte-americano divulgado na quarta-feira (5) mostra que um
terço das mortes de pessoas com mais de 75 anos pode ser atribuído
ao mal de Alzheimer. Essa doença pode ser responsável por tantos
óbitos quanto as patologias cardiovasculares.
Bryan
James, do Centro Médico da Universidade Rush, em Chicago, estudou
um grupo de 2.566 pessoas com média de idade de 78 anos, que foram
submetidas a um teste anual para determinar se sofriam ou não de
demência.
Depois de um período de oito anos, 1.090
participantes tinham morrido, sendo que 559, que não sofriam de
Alzheimer no início do estudo, desenvolveram depois a doença. O
período médio entre o diagnóstico e as mortes foi cerca de quatro
anos e o Alzheimer foi confirmado por meio de autópsia em 90% dos
casos.
Segundo os dados publicados na revista
científica Neurology, a taxa de mortalidade foi
quatro vezes mais elevada nas pessoas que sofriam de demência entre
os 75 e os 84 anos e cerca de três vezes superior nas que tinham 85
anos ou mais.
“O
mal de Alzheimer e outras formas de demência não figuram nas
certidões de óbito e nos dossiês médicos”, disse o autor do estudo,
adiantando que esses documentos indicam como causa direta e
imediata de morte uma pneumonia, sem mencionar a demência como
causa subjacente.
O
pesquisador reconhece a dificuldade de identificar uma simples
causa de morte na maior parte das pessoas idosas, uma vez que
vários problemas de saúde vão se acumulando.
“As
estimativas produzidas pela nossa análise dos dossiês médicos
sugerem que as mortes resultantes do Alzheimer ultrapassam
largamente as estatísticas dos centros de controle e prevenção de
doença refletidas nas certidões de óbito”, disse Bryan
James.
Nos
Estados Unidos, o Alzheimer surge nas estatísticas oficiais em
sexto lugar na lista de principais causas de morte, enquanto as
doenças cardiovasculares e o câncer surgem em primeiro e segundo
lugares.
O
pesquisador conclui, com base no estudo, que houve mais de 500 mil
mortes por Alzheimer nos Estados Unidos, na população acima dos 75
anos, em 2010, número que é cinco a seis vezes superior aos 83 mil
mortos registrados nas bases oficiais.
O mal
de Alzheimer, reconhecido pela Organização Mundial da Saúde como
patologia crônica, não é transmissível e é a forma mais comum de
demência, representando entre 50% e 70% de todos os
casos.
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com informações da Agência Lusa