A justificativa de que Brasília está
mais insegura balizou aumento médio de 20% nas apólices de seguros
automotivos do DF em 2018, conforme o Sindicato dos Corretores de
Seguro do DF (Sincor-DF). A entidade revelou que, dependendo da
localidade e das condições do contrato, o reajuste pode chegar a
40%.
Em Taguatinga, para uma mulher com
mais de 26 anos, consumidor mais barato desse tipo de serviço, por
exemplo, o valor médio do seguro chega a R$ 2,4 mil por um carro
popular novo, valor parecido com o de Samambaia (R$ 2,6 mil). Nesse
caso, os homens pagariam R$ 3,2 mil e R$ 3,6 mil
respectivamente.
Em regiões com índices mais
favoráveis, como Cruzeiro e Sobradinho, os valores, sob as mesmas
condições, alcançaram uma média de R$ 1,8 mil para mulheres e acima
de R$ 2 mil para clientes do sexo masculino, tudo segundo projeções
do Sincor-DF.
O argumento primário das seguradoras,
no entanto, não encontra respaldo em dados oficiais. De acordo com
a Secretaria de Segurança Pública e Paz Social (SSP-DF), os crimes
de furto de veículo e de roubo de veículo diminuíram 18,3% e 23%,
respectivamente, entre fevereiro de 2017 e o mesmo mês deste ano.
No comparativo com 2014, a queda em ambos os índices é ainda maior.
No caso de roubos, caíram de 786 registros para 352 em fevereiro
deste ano e, para furtos, de 1,4 mil para 796.
Para o economista Newton Marques,
porém, é preciso uma análise mais minuciosa dos aspectos que
influenciam no valor das apólices. “Essas variações de preço podem
indicar que aumentaram os (números de) sinistros. Aí é preciso ver,
pois não adianta pensar só pelo lado do gasto, tem de ver a receita
gerada”, pondera.
Membro da Comissão de Direitos do
Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF), Davi
Albuquerque aconselha que quem se sentir lesado por aumentos
exorbitantes, pode acionar o Instituto de Defesa do Consumidor
(Procon) e a Justiça.
“A lei fala muito de razoabilidade e,
na parte de práticas abusivas, existe um artigo que fala claramente
sobre a fornecedora do serviço não poder simplesmente alterar uma
cláusula que torne o serviço inviável ao seu consumidor”, explica.
A reportagem não conseguiu contato com o Sindicato das Seguradoras
(Sindseg).
Saiba mais
Por critérios subjetivos de riscos de
sinistros, homens costumam pagar mais pelo mesmo tipo de seguro. No
DF, por exemplo, uma mulher acima dos 26 anos paga cerca de 1,5 mil
por uma apólice para seu carro em Taguatinga. Na mesma condição, um
homem paga mais de R$ 3 mil.
Além da localidade onde o veículo
pernoita, fatores como quantidade de condutores e distância entre a
residência e o trabalho do condutor também interferem no preço
final.
Por regulação da Superintendência de
Seguros Privados (Susep), todo contrato engloba desastres naturais
como incêndios e alagamentos. Nesses casos, porém, a seguradora
costuma fazer perícia para comprovar que não houve imprudência ou
ações deliberadas do condutor que facilitaram o sinistro.