Durante muito tempo diversos serviços engataram o automático e
pouco ofereceram de novo para seus consumidores. Por anos,
estivemos acostumados a ser tratados como massa e pouco podíamos
escolher. Essa massificação vem de longe, desde quando o televisor
chegou à casa das pessoas, que no início tinham quase nenhuma opção
de programas para escolher. A própria publicidade nesta época era
sempre dirigida às massas, afinal, não existia como segmentar.
Agora, bem diferente, usamos o Netflix em nossas TV´s, tablets ou
smartphones e assistimos o que quisermos, na hora que
desejarmos.
Conforme as tecnologias avançaram e se refinaram, novas
possibilidades surgiram. O digital permitiu que negócios pudessem
se focar em nichos de forma muito mais cuidadosa, sem que isso
significasse um custo maior. Foi assim que a Amazon nos ofereceu a
possibilidade de encontrar uma infinidade de títulos que não
encontraríamos nas prateleiras, devido sua alta especifidade. O
digital não demandava espaço nas prateleiras e a internet virou o
reduto perfeito para se encontrar o nicho do nicho, assunto
extensamente abordado por Chris Anderson em “A Cauda Longa”.
Hoje é possível segmentar a publicidade de forma muito refinada
usando ferramentas digitais. Estudos de neuromarketing já ressaltam
que o cérebro do consumidor é tão diferente, que existiam milhares
de segmentações possíveis. Já se sabe que segmentar apenas em homem
e mulher não é suficiente, porque até mesmo o cérebro de uma mulher
que já é mãe torna-se diferente de uma mulher que ainda não é
(Martin Lindstrom aborda este tema em seus livros de
neuromarketing). Agora a publicidade pode ser segmentada e
direcionada por idade, regiões, hábitos e infinita combinação de
informações, permitindo impactar quem mais tem potencial de se
interessar, personalizando a entrega do conteúdo e não enviando
algo que não interessa àquele público.
Até o marketing se refinou e parou de fazer SPAM, usando
plataformas de automação que permitem entregar o conteúdo realmente
relevante para o público. Além destas possibilidades, essas
ferramentas permitem medir os resultados das ações de forma bem
mais precisa e entender o que agradou, o que funcionou e reajustar
a rota.
A tecnologia também permitiu uma nova opção para nos locomover
com o surgimento do Uber, que veio com a proposta de oferecer
transporte em carros bacanas, com atendimento diferenciado e preço
mais baixo, focada não apenas no pague pelo uso de forma justa, mas
em uma experiência de usuário muito melhor.
O AirBnB nos mostrou que podíamos alugar quartos ou casas
inteiras de pessoas que tinham um espaço sem uso e, outros serviços
apostaram também na economia compartilhada, permitindo até mesmo
alugar a furadeira de alguém em sua cidade, fazer o buraco na
parede que você precisava e devolver em seguida, pagando apenas
pelo uso. E que coisa! A gente achava que nunca andaria no carro de
um desconhecido ou nunca se hospedaria na casa de quem não fosse um
amigo.
Todos esses modelos novos sugiram em meio a um estranhamento de
algum modo. Como diria Shumpeter, a princípio toda inovação é
destruidora e só aos poucos ela se assenta e mostra seus
benefícios, passando a fazer sentido para o consumidor. Se a
princípio ela parece apenas negativa, pois soa que vai acabar com
postos de trabalho, logo se percebe que ter uma opção a mais é
oferecer escolha para o consumidor, e que logo cada um desses
serviços se acomodam, o mercado se reinventa e surgem outras
demandas de trabalho (por isso sempre cito que a característica de
ouro do profissional de hoje é ser sempre atualizado e bem
flexível). Um exemplo? Quando o Nubank surgiu, as pessoas
perceberam que havia uma forma diferente de ser atendido, de forma
descontraída, com um serviço transparente e que muitas vezes
surpreendia. A princípio parecia loucura trocar a conta em um banco
consagrado por anos para guardar seu dinheiro em uma startup, mas o
medo logo desapareceu e há clientes tão satisfeitos que jamais
desejariam voltar ao modelo anterior.
O que essas empresas inovadoras têm em comum? Todas elas
assustaram no início, tanto o público, quanto o setor “ameaçado”.
No caso das fintechs, como o Nubank, percebemos o mercado se
movimentando, bancos e operadoras de cartões buscando por novidades
e até contratando equipes para não ficar para trás e lançar
produtos novos. Já no caso no Uber, taxistas a princípio se
rebelaram, mas muitos logo entenderam que podiam fazer algo para
mudar e oferecer um serviço melhor, afinal, havia espaço para
todos, mas eles seriam impactados de verdade se permanecessem
iguais para sempre.
Muita coisa mudou, mas ainda existiam áreas que permaneciam
iguais, como a dos seguros. Então, surgiram empresas focadas em
associar tecnologia de ponta e personalização para resolver
problemas e aí algo novo começou a aparecer: as insurtechs, já em
operação lá fora, mas ainda novidade no Brasil.
A PwC publicou um relatório sobre fintechs recentemente e o
líder global de seguros por lá, Stephen O´hearn, disse que as
seguradoras tem inigualável acesso aos dados do consumidor e que
usando tecnologia de ponta para analisá-los de forma minuciosa,
podiam gerar resultados e benefícios significativo para os
usuários.
A tecnologia tem ajudado as companhias a melhorar e modernizar
seus processos, oferecer uma experiência melhor e criar novos
produtos mais assertivos nas vendas e nos custos e vai beneficiar o
consumidor no momento de fazer um seguro também. Durante muito
tempo fomos avaliados de forma meio parecida na hora de contratar
um seguro para o automóvel, por exemplo. O preço a pagar era
baseado nos dados preenchidos na cotação e assim permanecia durante
toda a vigência. Porém, no dia a dia da utilização, não se podia
diferenciar o motorista cuidadoso daquele que vivia exposto a
riscos – a não ser que acontecesse uma colisão (e,
consequentemente, um sinistro). E por que não usar tecnologia de
ponta para entender estes perfis e oferecer vantagens a quem dirige
melhor?
A Consultoria Gartner elencou 10 tendências para os próximos 4
anos e, dentre elas, são citados algoritmos sendo usados para
modificar comportamentos. Isso quer dizer que se existe um
aplicativo acompanhando o motorista ao dirigir, ele pode calcular
de forma mais precisa o quanto ele vai pagar pelo seguro, afinal,
não faz sentido pagar o mesmo se você usa menos o carro ou é mais
prudente, certo? Além disso, ao lembrar que se você for mais
cuidadoso terá vantagens, vai acabar dirigindo com mais
cuidado.
Nesta linha já existe algo bem bacana surgindo no Brasil, a
thinkseg, uma insurtech fundada por André Gregori, que traz a
proposta de permitir contratação de seguro por meio de um
aplicativo no smartphone, de forma simples e com preço justo, do
tipo pague pelo uso. Além disso, tecnologia de ponta foi associada
para tratar o motorista de forma individualizada e personalizada,
oferecendo benefícios para quem dirige melhor.
O modelo thinkseg também vai se associar aos corretores, que
poderão comercializar os seguros da marca para seus clientes de uma
forma mais prática. A empresa e o aplicativo ainda estão em fase de
testes, mas logo será lançada oficialmente.