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Sistema Único de Saúde (SUS) completa 30 anos em 2018, mas seu
futuro é incerto diante de projeto defendido pelas empresas, por
meio da Federação Brasileira de Planos de Saúde (Febraplan). O novo
sistema foi apresentado no 1º Fórum Brasil – Agenda Saúde, na
última semana. Segundo o projeto, em 2038 apenas 50% da
população terá acesso ao SUS, e o sistema seria
privatizado.
Ainda
de acordo com a federação, a outra parcela de usuários seria
obrigada a contratar um plano privado ou pagar exames e consultas
particulares caso precise de atendimento médico. Durante o
seminário foi apresentada a proposta de desconstrução do SUS por
meio de sua capacidade de financiamento.
Segundo
o deputado federal Esperidião Amin (PP-SC), a justificativa está no
fato do SUS ser "um projeto comunista cristão". De acordo com
Arthur Chioro, ex-ministro da Saúde e professor de Medicina na
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a proposta é uma
aberração.
"Essa entidade que produziu o evento não tem
nenhuma importância, nem para o mercado de planos de saúde. Ela
conseguiu aglutinar um grupo de atores políticos muito secundários,
como um deputado decadente. Em tempos de golpe, essas propostas não
podem passar em branco", disse Chioro, em entrevista à
repórter Nahama Nunes, da Rádio Brasil
Atual.
Alexandre Padilha, também ex-ministro da Saúde, lembra que o
atual governo e empresários têm interesse em sufocar o SUS e forçar
os brasileiros a comprarem planos de saúde. "Os vampiros estão
mostrando as garras. Quando aprovaram a regra de congelar os
recursos públicos por 20 anos, na prática isso prepara o terreno
para uma ideia de retirar o papel do SUS de atender as pessoas, piorando mais o atendimento,
obrigando-as a migrar para o serviço privado. O dinheiro está à
frente da saúde."
Padilha explica ainda que o projeto trata a
saúde como
mercadoria, não como
um direito universal e gratuito previsto na Constituição Federal de
1988. "Essa proposta na prática quer que o Brasil volte ao passado,
quando quem tinha atendimento à saúde eram aqueles com carteira
assinada."
Pesquisa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC)
revelou que 70% dos brasileiros dependem do SUS para ter
atendimento médico. Chioro reconhece que os usuários têm
dificuldade de acessar o SUS e explica que isso ocorre
porque o
programa sempre foi subfinanciado.
"As pessoas dizem que o SUS não é tudo aquilo que está na
Constituição, mas é preciso entender que o sistema não conseguiu
garantir tudo aquilo porque, historicamente, ele foi subfinanciado.
O financiamento do SUS, juntando as três esferas de governos, no
ano passado foi de R$ 3,20 por dia por usuário. Uma passagem de
ônibus em São Paulo é R$ 4. Isso é uma estratégia deliberada para
sufocar e destruir o SUS, vendendo o serviço privado como
alternativa."