Dado
é referente ao período entre 2005 e 2013. No ano passado, país
registrou 47% de todos os casos na América Latina
Relatório divulgado na quarta-feira (16) pelo
Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV e Aids (Unaids)
indica que as novas infecções por HIV no Brasil aumentaram 11%
entre 2005 e 2013. No ano passado, o país registrou 47% de todos os
novos casos contabilizados na América Latina.
A estimativa do Unaids é que 1,6
milhão de pessoas vivem com HIV na região. A maioria dos casos
(75%) se concentra em cinco países – Argentina, Brasil, Colômbia,
México e Venezuela. A América Latina registrou queda de 3% nos
casos de novas infecções entre 2005 e 2013, mas os índices variam
de país para país. O México, por exemplo, registrou queda de 39% e
o Peru, de 26%.
O cálculo é que, na região, dez novas
infecções por HIV são registradas a cada hora. Os grupos
particularmente vulneráveis a novas infecções e que representam uma
parcela significativa de soropositivos incluem transgêneros; homens
gays; homens que fazem sexo com homens; homens e mulheres que atuam
como profissionais do sexo e seus clientes; e usuários de
drogas.
Os dados mostram ainda que
aproximadamente um terço das novas infecções na América Latina
ocorreu em pessoas jovens, com idade entre 15 e 24 anos.
“Populações mais vulneráveis enfrentam altos níveis de estigma,
discriminação e violência, que criam obstáculos no acesso à
prevenção da doença, ao tratamento, ao cuidado e aos serviços de
apoio”, informou o Unaids.
O órgão destacou, entretanto, que a
América Latina continua a ser a região com a maior cobertura
antirretroviral do mundo – aproximadamente 45% dos 1,6 milhão de
pessoas com HIV têm acesso à terapia. Novamente, os índices variam
de país para país. Brasil, Chile, El Salvador, México, Peru e
Venezuela registram mais de 40% de cobertura, enquanto o tratamento
na Bolívia alcança menos de 20% das pessoas infectadas.
O relatório ressaltou também que
Brasil e Panamá alteraram recentemente o protocolo de atendimento
para soropositivos, possibilitando que todas as pessoas com HIV,
independentemente da carga viral no paciente.
Mundo
Dos 35 milhões de pessoas que vivem
com HIV no mundo, 19 milhões não sabem que estão infectados. A
Unaids alertou que, para dar fim à epidemia até 2030, é preciso
ampliar esforços para acabar com a lacuna de pessoas sem
diagnóstico e, consequentemente, sem acesso ao
tratamento.
O relatório destaca que, na África
Subsaariana, quase 90% das pessoas que testaram positivo para HIV
buscaram acesso à terapia antirretroviral. Dessas, 76% alcançaram a
supressão da carga viral, reduzindo significativamente o risco de
transmissão para seus parceiros. Estudos recentes indicam que, para
cada 10% de ampliação na cobertura antirretroviral, os casos de
novas infecções caem 1%.
De acordo com o Unaids, os esforços
globais para aumentar o acesso aos medicamentos antirretrovirais
estão funcionando. Em 2013, 2,3 milhões de pessoas passaram a fazer
uso da terapia, totalizando 13 milhões de soropositivos em
tratamento no mundo. A estimativa é que, atualmente, cerca de 13,9
milhões de pessoas façam uso de antirretrovirais.
“Se acelerarmos os esforços até 2020,
estaremos no caminho certo para acabar com a epidemia em 2030”,
disse o diretor-executivo do Unaids, Michel Sidibé. “Se não
conseguirmos, corremos o risco de aumentar significativamente o
tempo que seria necessário para isso – adicionando uma década, se
não mais”, completou.
Desafios
Ainda segundo o relatório, atingir a
meta de encerrar a epidemia de aids até 2030 significaria evitar 18
milhões de novas infecções por HIV e 11,2 milhões de mortes
relacionadas à doença entre 2013 e 2030.
Atualmente, 15 países contabilizam
mais de 75% dos 2,1 milhões de casos de novas infecções registrados
em 2013. Na África Subsaariana, apenas três países – Nigéria,
África do Sul e Uganda – somam 48% dos casos de novas infecções no
mundo.
O Unaids alerta que países como
República Democrática do Congo, Indonésia e Sudão do Sul estão
“abandonados” em relação ao combate ao HIV, com baixas taxas de
cobertura antirretroviral e quedas mínimas ou nulas nos índices de
infecção.
Dados do órgão mostram também que o
risco de infecção é 28 vezes maior entre usuários de drogas; 12
vezes maior entre profissionais do sexo; e até 49 vezes maior entre
mulheres transgênero (homens que se identificam como mulheres). Na
África Subsaariana, meninas adolescentes e jovens mulheres
representam um de cada quatro novos casos de infecção.
“Não haverá o fim da aids sem que as
pessoas sejam colocadas em primeiro lugar, sem assegurar que as
pessoas que vivem a epidemia sejam parte de uma nova estratégia”,
disse o diretor-executivo do Unaids. “Sem uma abordagem centrada
nas pessoas, não conseguiremos avançar na era pós-2015”,
concluiu.