Funcionários
exigem melhores condições de trabalho e manifestam preocupação com
privatização. Instituição diz que atendimentos serão
mantidos
Servidores do Instituto Nacional do Câncer (Inca)
no Rio de Janeiro entraram em greve na tarde desta segunda-feira
(28) contra uma possível privatização dos serviços prestados pela
instituição. Em assembleia, mais cedo, eles definiram estratégias
para retomar a paralisação – iniciada em fevereiro e encerrada em
março – por melhores condições de trabalho no setor hospitalar. O
movimento volta, agora, com o agravante da preocupação com a
privatização do atendimento do Inca.
A
greve promete tomar novas feições, nesta terça-feira (29), quando
servidores de outras instituições de saúde federal farão assembleia
em fente do Hospital Federal dos Servidores do Estado, próximo à
Praça Mauá. A categoria quer retomar a greve e pressionar pelo
atendimento de reivindicações como jornada de 30 horas de trabalho
semanal, respeito ao duplo vínculo, concurso público, reajuste
salarial, condições dignas de atendimento à população e fim dos
processos de privatização na saúde, de acordo com o Sindicato dos
Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Previdência Social do Estado do
Rio de Janeiro (Sindsprev-RJ).
De
acordo com Mabel Krieger, do núcleo do Inca no Sindsprev-RJ, a
proposta de privatização representaria uma mudança negativa para a
saúde federal, ocasionando diferença nos vínculos empregatícios
entre os funcionários do hospital. “ O problema da privatização é o
carro-chefe da nossa pauta”, disse ela, pois existe um processo em
discussão, dentro do Inca, para atuação de uma empresa pública de
direito privado, o que significa privatização.
Segundo ela, se isso ocorrer vai alterar muita
coisa, inclusive os vínculos de trabalho, além de abrir precedentes
para a atuação de subsidiárias de empresas públicas, não
necessariamente ligadas à saúde. No seu entender, as subsidiárias
têm ações de empresas privadas para financiá-las, o que abre
possibilidade de o setor privado poder decidir dentro de unidades
públicas de saúde. “Por serem acionistas, teriam direito a voto de
decisão. Na teoria continua sendo empresa pública, passando a ter
ações de empresas privadas, que podem dizer como as coisas
funcionam aqui”, disse.
O
Inca informou, em nota, que todos os procedimentos oferecidos pela
instituição continuam funcionando normalmente, incluindo
emergência, diagnósticos e atendimentos terapêuticos (cirurgia,
quimioterapia e radioterapia) e ambulatorial a pacientes
internados. O Inca também afirmou que, por decisão judicial, todos
os serviços prestados pela unidade são essenciais e não podem ser
paralisados. Quanto à redução à jornada de trabalho para 30 horas,
o instituto ressalta que a questão deve ser negociada com o
Ministério da Saúde, já que os concursados fazem parte da carreira
Ciência e Tecnologia, que determina 40 horas.
Em
relação à privatização, o Inca informa não ter nenhuma proposta
concreta, mas sim “um relatório elaborado em 2013 por um grupo de
trabalho constituído pelo Ministério da Saúde, que está atualmente
em análise. Trata-se de um processo embrionário, que seguirá o rito
administrativo e legal”. Ainda de acordo com o órgão, “uma possível
proposta de modelo para o Inca teria que ser encaminhada pelo
Ministério da Saúde ao Ministério do Planejamento, depois para a
Casa Civil, e então, como projeto de lei, seria discutido no
Congresso”.