De
acordo com uma matéria veiculada pelo Valor Econômico nesta
sexta-feira (22), mudanças no mercado de seguros, aliadas às novas
regras de previdência, aumentam a responsabilidade de profissionais
que atuam no setor. No momento, o diagnóstico do ministro do
Superior Tribunal de Justiça (STJ) Antonio Saldanha Pinheiro é de
que a qualificação ainda é baixa.
Por
exemplo, a reforma da previdência determinou que até novembro,
estados e municípios implementem os planos complementares para os
servidores que recebam salários acima do teto do INSS. “Para que
haja adesão, é preciso debater exaustivamente os planos. Porque,
senão, vai gerar desconfiança”, afirma o ministro. Segundo ele,
ainda há muito desconhecimento e desconfiança com relação aos
planos previdenciários, que possuem regras sofisticadas e
complexas.
Palheiro acredita que problemas do passado que envolveram fundos de
pensão e também a previdência aberta aumentam a preocupação dos
participantes. “Há necessidade de conhecimento de profissionais da
área. Os esclarecimentos muitas vezes não são suficientes”, disse
ele, que também é coordenador acadêmico da FGV
Conhecimento.
Talvez esse também seja um dos motivos que geram uma elevada
judicialização sobre o assunto. “Há questões que não estão
consolidadas nos tribunais. O que não fica claro no momento de
adesão do plano vai desaguar no jurídico”, afirmou. Cada plano tem
regras e critérios próprios que eventualmente são alvo de
controvérsia. Temas como participação de cônjuges ou companheiros
no plano ou índices de correção estão entre os mais
questionados.
A
necessidade de qualificação dos profissionais também aumenta com as
mudanças que vão surgir com a chegada do open insurance. Um dos
pontos que o sistema aberto traz é a disponibilização de
informações dos consumidores consideradas sensíveis, e que exigem,
por exemplo, algum conhecimento da Lei Geral de Proteção de Dados
(LGPD). “O corretor de seguros tem que estar preparado para esta
realidade inovadora e sofisticada e que certamente vai trazer
incremento do mercado. Pode ter como consequência a
responsabilização efetiva de quem trabalha no segmento.”
O
ministro aponta que o mercado de seguros vai oferecer produtos
personalizados, o que aumenta a necessidade de sofisticação dos
métodos. Por outro lado, diante de uma maior concorrência, a oferta
de seguros e serviços tende a melhorar.
O
momento exige uma assessoria muito específica e profissionalizada,
diz o ministro. As pesquisas sobre mercado de trabalho não incluem
o corretor de seguros entre as profissões que irão desaparecer.
“Temos uma tendência de imaginar que as contratações on-line
deixarão a figura do corretor menos importante. Mas um consultor de
seguros é cada vez mais necessário”.