Bernardo Castello*
Logo no início da pandemia da
Covid-19, em março, viralizou na internet um vídeo em que o
bilionário Bill Gates, em uma edição da palestra Ted Talks de 2015,
alertava que o mundo poderia ser surpreendido por uma epidemia
global de grandes proporções, para a qual não estaria preparado:
“Se alguma coisa pode matar dez milhões de pessoas nas próximas
décadas, é mais provável que seja um vírus altamente infeccioso do
que uma guerra. Não mísseis, mas micróbios”. O vídeo é impactante
pela precisão da “profecia”, mas a preocupação com epidemias e
pandemias existe há mais de dois mil anos. Desde a peste bubônica,
a humanidade sempre conviveu com a expectativa – e o temor – do
surgimento de um novo patógeno mais agressivo a desafiar a
ciência.
Um estudo realizado em 2006 pelo
Grupo Consultivo Atuarial Europeu simulou as consequências
econômicas de uma possível pandemia decorrente do vírus H5N1, a
chamada Gripe Aviária, identificado três anos antes. Não houve
consenso quanto a uma possível queda do PIB global, estimada entre
0,5% e 6,5%, podendo aumentar em função da falta de informação.
Especificamente sobre o mercado de seguros, os especialistas
apontavam que o setor seria afetado tanto pela queda da atividade
econômica, quanto pelo aumento da sinistralidade. Já no segmento de
Vida, o diagnóstico era de que o impacto poderia ser profundo,
dependendo do portfólio do segurador.
Ainda é cedo para estimarmos os
efeitos da Covid-19 na economia global. Assim como na simulação de
14 anos atrás, há divergências no que toca à retração do nível de
atividade e ao ritmo da recuperação, que possivelmente só ocorrerá
de forma plena com a chegada da vacina para a doença.
No caso do mercado segurador, um
dos segmentos que mais ganharam protagonismo foi o de Seguro de
Vida, muito por conta da cláusula contratual que prevê exclusão de
responsabilidade nos casos envolvendo pandemias declaradas por
autoridades competentes, questão logo endereçada pelas seguradoras.
Por cuidar da proteção do bem maior que todos possuímos, é
compreensível que esse aspecto do Seguro de Vida tenha sobressaído.
No entanto, trata-se de uma situação de exceção, e não é por ela
que a importância do produto deve ser mensurada.
Seguro de vida é muito mais
do que seguro de morte.
Para além da grave crise sanitária
que abala o planeta, a pandemia da Covid-19 teve o efeito colateral
de induzir uma reflexão sobre o futuro, tanto do ponto de vista
pessoal, quanto coletivo. No que toca a cada um individualmente,
estamos sendo levados a avaliar o nível de proteção e segurança que
temos hoje e como podemos atuar para melhorá-lo. Mais do que nunca,
fica claro o papel relevante que o Seguro de Vida tem a desempenhar
na construção de um planejamento financeiro e de vida – aqui, vale
reforçar a palavra – de longo prazo.
Quando adquirimos um imóvel,
realizando “o sonho da casa própria”, nosso primeiro pensamento
volta-se para a racionalidade do conceito econômico de que estamos
constituindo patrimônio. Mas, a rigor, essa aquisição tem um
componente emocional relacionado à proteção. Ou seja, entendemos
que, além de patrimônio, um imóvel representa segurança para a
família, mesmo – ou principalmente – na ausência do provedor.
Da mesma forma, o Seguro de Vida
deve ser visto como um contrato que possibilita a aquisição de um
patrimônio a ser convertido em proteção no futuro. Embora não seja
legalmente considerado herança, pode ser percebido dessa forma, na
medida em que garante aos beneficiários indicados o recebimento de
uma quantia que pode fazer grande diferença em suas vidas. E,
justamente por não ser considerado herança, apresenta vantagens,
como isenção de impostos e de processos de inventário e partilha,
ausência de risco de retenção para pagamento de dívidas e livre
indicação de beneficiários, entre outras.
Uma visão muito difundida é a de
que o de que Seguro de Vida não se destina aos mais jovens. De
fato, a maioria dos produtos vale para todas as faixas etárias, dos
18 aos 80 anos, mas se mostra especialmente vantajoso para os
jovens, por uma razão particular: possibilita o planejamento
financeiro de longo prazo quando ele faz mais sentido, em função do
momento de vida, e a um custo menor, pois o prêmio pago para
contratação de uma mesma cobertura diminui ou aumenta de acordo com
a idade.
Importante lembrar, ainda, que o
Seguro de Vida, em suas modalidades, pode ser vitalício,
temporário, resgatável ou por sobrevivência. E que pode ser
usufruído em vida, por meio de coberturas como diagnóstico e
suporte de doenças graves – situação em que o plano de saúde cobre
os procedimentos clínicos e cirúrgicos, mas não os medicamentos
necessários para o sucesso do tratamento -, além de diária de
internação hospitalar.
Para os profissionais autônomos, é
possível contratar uma cobertura de Diária por Incapacidade
Temporária (DIT), caso um acidente os afaste de suas atividades.
Pense em um motorista de aplicativo, por exemplo, incapacitado de
dirigir por determinado período. O seguro pode ser uma importante
forma de apoiá-lo a passar por momentos como esse com mais
tranquilidade e segurança. Já para os assalariados, existe a
cobertura de perda de renda por desemprego involuntário, que ajuda
a manter em dia as despesas básicas individuais e da família, como
alimentação, aluguel, condomínio, contas gerais e mensalidade
escolar, contribuindo para atenuar o impacto financeiro nessa hora
de dificuldade.
Por fim, além das coberturas, há um
extenso leque de assistências personalizadas, incluindo residencial
básica, cesta natalidade, motorista amigo, pet completo, concierge
e pessoal em viagens, entre outras.
Nesse momento de reflexão, avalie,
pondere e reserve um lugar para Vida no planejamento do seu
futuro.
*Diretor da Bradesco Vida e
Previdência