Matéria publicada pelo Valor
Econômico nesta segunda-feira, 24, informa que a Superintendência
da Susep deseja fazer alterações nas regras dos seguros de grandes
riscos e permitir que os contratos entre as partes sejam mais
customizados. A consulta pública será aberta nesta própria
segunda-feira, e propõe que empresas de grande porte tenham certa
liberdade para fazer contratos de seguros, independentemente do
ramo.
De acordo com o que Solange
esclareceu ao Valor, o alcance do seguro de danos no Brasil ainda é
muito baixo em relação ao padrão internacional e tem potencial para
dobrar somente com a flexibilização das regras. “Teremos uma taxa
de crescimento para grandes riscos e para massificados. Conversei
com algumas empresas e todas disseram que há uma demanda
reprimida”, afirmou Solange.
Com a nova consulta aberta, a ideia
é que o ramo de responsabilidade civil (D&O) seja tratado como
de grandes riscos, considerando a lógica de que se trata de um
contrato entre duas pessoas jurídicas. Também estarão na lista os
ramos de riscos de petróleo, riscos nomeados e operacionais (RNO),
global de bancos, aeronáuticos, “stop loss”, nucleares e
compreensivo para operadores portuários.
Para os demais ramos, a Susep
também estabeleceu na consulta que se o contratante for uma empresa
de grande porte o contrato de seguro também será classificado como
grandes riscos. Os critérios estabelecidos na consulta pública
preveem, para isso, o limite máximo de garantia (LMG) acima R$ 20
milhões. Também será considerado o fato do contratante ter ativo
total superior a R$ 27 milhões ou faturamento bruto anual de mais
de R$ 57 milhões no exercício imediatamente anterior.
A Susep defende que nos seguros de
grandes riscos, o porte econômico e a capacidade técnica das partes
demandam menos intervenção regulatória. “Uma empresa como a
Petrobras possui um especialista em seguros e sabe sentar com a
seguradora e negociar as condições de um contrato. Para uma empresa
pequena, que não tem esses profissionais, o regulador estabelece
mais regras, entre elas as cláusulas do contrato para que não haja
assimetrias”, disse Solange ao Valor.
“Com a flexibilização é possível
estruturar produtos de forma mais ágil e menos burocratizada.
Poderemos fazer produtos de acordo com a necessidade de cada
cliente. Hoje ficamos engessados”, afirmou o presidente da
Pottencial Seguradora, João Géo Neto.
Há uma limitação para o uso do
seguro de grandes riscos em obras públicas, que permite que esse
tipo de seguro tenha cobertura de até 5% na obra. Há um projeto de
lei em andamento para aumentar esse patamar.