A cada ano, o mês de março é marcado
pela divulgação midiática de campanhas, matérias de jornal etc. em
homenagem ao Dia Internacional da Mulher. Apesar de ser uma
oportunidade de levantar as questões relacionadas à equidade de
condições de trabalho, remuneração, carreira, entre outros
aspectos; esse curto período de um mês (quando muito) nunca foi
suficiente para abordar o tema com a profundidade merecida.
A boa novidade é que, de uns poucos
anos para cá, por demanda da própria sociedade, a mídia tem voltado
sua atenção aos aspectos relacionados ao empoderamento feminino
além desse período e numa proporção maior do que acontecia antes.
Isso propiciou uma mudança de comportamento nas organizações, que
passaram a dedicar atenção ao desenvolvimento de políticas internas
que pudessem minimizar as diferenças entre homens e mulheres para
que oportunidades iguais de carreira, remuneração etc. venham a ser
alcançadas.
Vários estudos refletem bem essa
transformação. O levantamento Retrato das Desigualdades de Gênero e
Raça – 1995 a 2015, recém lançado pelo IPEA – Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada, indica que o número de lares chefiado por
mulheres subiu de 23% em 1995 para 40% em 2015. A quantidade de
homens e mulheres no mercado de trabalho também é equivalente. Em
algumas atividades é até superior. No segmento de seguros, por
exemplo, cerca de 56% do total de funcionários das seguradoras no
Brasil são mulheres, segundo o 2º Estudo Mulheres no Mercado de
Seguros no Brasil, da Escola Nacional de Seguros. Esse índice está
próximo aos 60% registrado no mercado norte-americano.
E, nesse processo de mudanças, as
organizações começaram a contar com um quadro mais diversificado de
pessoal, que trouxeram vivências, culturas, experiências e visões
de mundo igualmente diversas, mas que agregaram substancialmente em
termos de produtividade e inovação às empresas.
É claro que, nem sempre foi um caminho
fácil. Basta lembrar das dificuldades enfrentadas pelas pioneiras
que inspiraram muitas profissionais de hoje em dia. Zilda Arns
sempre lembrava em entrevistas que, na década de 1950, um professor
a reprovou em seu primeiro ano na faculdade por considerar um
absurdo uma mulher cursar medicina. Mais tarde, a médica iria se
especializar justamente na matéria desse professor, pediatria, e
ser responsável por uma metodologia de combate à mortalidade
infantil reconhecida mundialmente e que, até hoje, tem evitado a
morte de milhões de crianças.
Outros exemplos não faltam nos mais
variados campos do conhecimento, seja na ciência, arquitetura,
engenharia, finanças ou nas organizações público, privadas ou
não-governamentais. As mulheres iniciaram uma jornada para quebrar
paradigmas e ter reconhecido o valor de sua contribuição na
sociedade. Nas últimas décadas, muitos passos já foram dados. Mas
ainda há um longo caminho.
*Roberta Caravieri é gerente
de Recursos Humanos da Sompo Seguros. Formada em administração de
empresas, conta com especialização em Modelagem Estrutural pela
Fundação Instituto de Administração (FIA) e pós-graduação em Gestão
de Negócios Internacionais pela Fundação Armando Álvares
Penteado.