No último dia do Ciclo de Debates - Conversando sobre a Estratégia da Família, nada mais justo que dar voz e mostrar experiências daqueles que são os protagonistas do evento anual realizado pela ENSP: os residentes. Na mesa intitulada "Trilhas e rumos da EFS: experiências e resistência e reinvenção", Cristiana Brasil e Lídia Marins contaram as ações desenvolvidas pelo Projeto Atenda, do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Mirian Makeba, com usuários de drogas na altura da passarela 10, da Avenida Brasil. A mesa recebeu também seis residentes que compartilharam as práticas desenvolvidas nas unidades de saúde e nos territórios do qual fazem parte. 

Cristiana Brasil, membro do Caps desde 2014, revelou que o principal objetivo do Atenda é experimentar o território junto com os usuários. "Somos o único serviço de álcool e drogas na região. Entendemos que não podíamos ficar passivos esperando que as pessoas viessem até nós, principalmente porque eles não têm conhecimento do direito à saúde. Aquele território na Avenida Brasil não é território de ninguém, e tínhamos que experimentar, sair da caixinha”.

Uma das formas de ação do projeto baseia-se no desenvolvimento de atividades lúdicas para "retirar o protagonismo da droga", além da realização de bazares, oficinas de grafite, rodas de samba e ações de promoção da saúde. Sua missão, na opinião de Lídia Marins, é tornar o SUS acessível à população. “Disponibilizar-se a estar onde todos desejam não estar é uma bravura. A rua se tornou um perigo. Se estão tomando a rua da gente, é pra lá que devemos ir. Esse é nosso papel como trabalhadores da ponta, da gestão em saúde. O SUS não é um plano de saúde, é um plano de vida. É outro caminho para se viver, e precisamos incluir isso em nossa prática.”