O Conselho Federal de Psicologia
criticou O outro lado paraíso e afirmou que a
novela da Globo está prestando um "desserviço" ao país, pela
abordagem a temas relacionados a abuso sexual e saúde mental. Na
trama de Walcyr Carrasco, a personagem Laura (Bella Piero) sofre
por ter sido abusada pelo padrasto, Vinicius (Flavio Tolezani),
durante a infância. Recentemente, Clara (Bianca Bin) a sugeriu que
procurasse uma advogada especializada em hipnose para acessar as
memórias do trauma.
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"Mesmo compreendendo o caráter de
uma obra de ficção, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) entende
que a telenovela
O outro lado do paraíso, por se
tratar de uma obra capaz de formar opinião, presta um desserviço à
população brasileira ao tratar com simplismo e interesses
mercadológicos um tema tão grave como o sofrimento psíquico de
personagem cuja origem é o abuso sexual sofrido na infância", diz o
texto, publicado no
site
do órgão.
"Quanto ao argumento de que se trata
'apenas' de ficção, lembramos que são as novelas da Rede Globo que,
como estratégia de elevar a audiência, frequentemente buscam
embaralhar as barreiras do ficcional e do real, entre outras
formas, introduzindo nas tramas fatos e temas candentes da
sociedade", completa a publicação, que destaca a importância de
buscar ajuda médica com profissionais especializados em caso de
problemas mentais.
"Saudamos como positiva a
manifestação de diversos grupos e escolas de coaching, que,
manifestando-se sobre o ocorrido, afirmaram compreender que os
transtornos mentais devem ser cuidados por profissionais da saúde
mental. O CFP faz um alerta à sociedade para que não se deixe
iludir. As pessoas devem buscar terapias adequadas conduzidas por
profissionais habilitadas para os cuidados com a saúde,
particularmente a saúde mental, finaliza a nota.
Leia o texto na íntegra:
Mesmo compreendendo o caráter de uma obra de ficção, o
Conselho Federal de Psicologia (CFP) entende que a
telenovela O outro lado do paraíso, por se
tratar de uma obra capaz de formar opinião, presta um desserviço à
população brasileira ao tratar com simplismo e interesses
mercadológicos um tema tão grave como o sofrimento psíquico de
personagem cuja origem é o abuso sexual sofrido na
infância.
Quanto ao argumento de que se trata 'apenas' de ficção,
lembramos que são as novelas da Rede Globo que, como estratégia de
elevar a audiência, frequentemente buscam embaralhar as barreiras
do ficcional e do real, entre outras formas, introduzindo nas
tramas fatos e temas candentes da sociedade.
É consenso no Brasil de que pessoas com sofrimento mental,
emocional e existencial intenso devem procurar atendimento
psicológico com profissionais da Psicologia, pois são os que tem a
habilitação adequada. Isso é amplamente reconhecido por diversas
políticas públicas, entre elas o Sistema Único de Saúde (SUS) e o
Sistema Único de Assistência Social (SUAS), que empregam essas
profissionais em larga escala. Mesmo na saúde suplementar, o
exercício do cuidado psicológico é reconhecido e regulamentado. Há
normas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que obrigam
os planos de saúde a oferecerem atendimento por profissionais da
Psicologia.
Somos uma profissão regulamentada pela Lei 4.119, de 27 de
agosto de 1962, os cursos de Psicologia são aprovados e
fiscalizados pelo Ministério da Educação e o Ministério da Saúde
reconhece a Psicologia como uma profissão da saúde. As mais
prestigiadas universidades públicas e privadas oferecem formação em
Psicologia e nossa ciência e profissão passam rotineiramente pelo
escrutínio das pesquisas acadêmicas. Tudo isso confere segurança à
sociedade de que se trata de uma ciência e profissão respaldadas
ética e tecnicamente.
Saudamos como positiva a manifestação de diversos grupos e
escolas de coaching, que, manifestando-se sobre o ocorrido,
afirmaram compreender que os transtornos mentais devem ser cuidados
por profissionais da saúde mental.
O CFP faz um alerta à sociedade para que não se deixe
iludir. As pessoas devem buscar terapias adequadas conduzidas por
profissionais habilitadas para os cuidados com a saúde,
particularmente a saúde mental.