A frente do principal plano de expansão da
marca, o diretor-presidente da Unimed Santos, Claudino Guerra
Zenaide, é defensor da melhora dos serviços prestados pela saúde
suplementar. Ele indica que o sucesso obtido é fruto da filosofia
adotada desde o início da cooperativa, colocando em primeiro lugar
o paciente e o médico. Confira abaixo entrevista:
Existe hoje um excessos de pedidos de
exames. Até que ponto isso encarece os serviços?
Cerca de 30% dos exames são considerados
gordura, ou seja, são procedimentos pedidos em excessos, sem
necessidade. Acontece também exames da moda. Hoje, são os para
verificar a dosagem de vitamina D no organismo. Até ortopedista
está pedindo esse tipo de exame. Nesse ano, foram gastos mais de R$
3 milhões só em exames de vitamina D. E isso acontece pela
indústria farmacêutica para aumentar as vendas. Se você for hoje em
qualquer consultório médico vai encontrar amostras grátis de
vitamina D. O resultado de mais de 90% desses exames é normal.
Claro, que existem patologias específicas que precisam dosar a
vitamina D, porque existe uma alteração metabólica. Outro
procedimento que aumenta essa gordura é a ressonância
magnética.
Essa gordura é repassada ao usuário. Como
reverter?
Estamos empoderando o usuário para mostrar que
é ele que paga essa conta. Há ainda uma visão de que, já que paga o
plano de saúde, pode pedir todos os exames que tem direito. Isso
pode ser feito, mas que vai pagar essa conta maior mais a frente,
pois todo ano é feito o reajuste com base à utilização do sistema.
A coparticipação é uma maneira de reduzir esse fenômeno. Ou seja,
toda vez que você vai ao médico paga uma taxa. Assim, reduz um
pouco esse ímpeto. Por isso é importante empoderar o usuário.
Afinal, por mais custoso que seja o exame não sai caro se o
paciente precisar. O exame barato torna-se caro se ele não precisar
fazer. Uma prática adotada pela Unimed é fazer reuniões mensais com
determinadas especialidades. No encontro, mostramos a cooperativa
como está, a saúde financeira, a diretoria é totalmente
transparente. E a gente aproveita também para convencer o colega
que ele deve fazer aquilo que o paciente precisa.
O que explica esse elevado número de exames? Seria a má
formação desse profissional?
Não é por falta de conhecimento desse
profissional. Mas o medo da judicialização da medicina. Seria uma
forma de proteção do médico, pedindo uma gama de exames. Mas olha,
a proteção maior para o médico é a empatia dele com o paciente. Se
o médico tiver empatia, respeitar e dar a atenção que o paciente
precisa, por menor a capacidade que ele tenha para conduzir o
diagnóstico, ele não terá problemas futuro. É preciso colocar a mão
no paciente. O pedido de muito exame não é solução. Outra
explicação é o ganho por produção. Ele precisa produzir muito para
ter um ganho razoável.
Qual o peso da inadimplência na partilha da mensalidade
dos planos de saúde?
Nos planos de saúde, a inadimplência é baixa. Tanto que nem faz
parte das nossas preocupação. Isso porque existe um regramento (da
ANS). A pessoa jurídica se atrasar 30 dias, podemos suspender o
atendimento. Já a pessoa física, o prazo de suspensão é de 60 dias.
Isso faz com que reduza muito a inadimplência, porque o
beneficiário precisa usar os serviços médicos.
Qual sua opinião sobre o custo maior
para o idoso?
O estatuto do idoso engessou muito esse procedimento. Acho que
alguma coisa precisa ser mudada no Congresso Federal nesse sentido.
Já existe a discussão para ser votada entre os deputados de tentar
haver alguma mudança. A ideia é cobrar um modo mais adequado do
idoso, mais parcelado. A regra anterior era que a partir dos 59
anos haveria um aumento de quase 100% no plano de saúde. Não pode
ser assim. Fazer o jovem pagar mais, como propõe outra corrente, é
bom apenas no ponto de vista teórico. Na prática, o jovem não iria
tirar dinheiro do bolso para pagar algo que não vai usar no seu dia
a dia.
Construir
unidades próprias seria uma alternativa para a sustentabilidade dos
planos de saúde?
É uma distorção, mas que tem se mostrado necessária. O negócio da
Unimed é prestar um bom atendimento aos seus clientes. Quando ela
constrói uma unidade, ela foge de seu propósito. Mas se não fizer,
não sobrevive.