Uma das ofertas iniciais de ações
(IPO, na sigla em inglês) mais aguardadas do mercado brasileiro
para o início do ano, a da Caixa
Seguridade, saiu dos planos de curto prazo e pode não acontecer
mais em 2017, segundo o presidente da companhia.
“O IPO não está mais na nossa pauta”,
disse à agência Reuters o presidente da Caixa Seguridade, Raphael
Rezende Neto.
Segundo o executivo, o foco agora é
deixar a empresa, que reúne as participações da Caixa Econômica
Federal nos negócios de seguros e previdência, mais preparada para
um novo ciclo de crescimento.
Além disso, Rezende Neto afirmou que
conversas para uma possível renovação do contrato de exclusividade
para venda de seguros da Caixa com os sócios franceses da CNP
Assurances, que termina em 2021, também deixaram de ser assunto de
curto prazo.
“Nada disso é prioridade agora, o foco
é melhorar a companhia”, disse o executivo, ele mesmo um
ex-vice-presidente da Caixa e que assumiu a Caixa Seguridade em
junho passado. Nos últimos anos, Caixa e CNP Assurances negociaram
uma renovação do contrato por mais 20 anos, mas as conversas não
prosperaram. As negociações vieram a público durante a primeira
tentativa da Caixa Seguridade de vender ações no mercado, em 2015,
adiada devido a condições adversas do mercado. A tentativa de
retomar a operação fracassou e a oferta foi cancelada.
A Caixa Econômica contava com recursos
da venda de parte do negócio para reforçar seu capital e evitar ter
que receber um aporte de capital do governo federal nos próximos
anos.
As declarações de Rezende Neto vão na
contramão do que o presidente da Caixa Econômica, Gilberto Occhi,
disse em novembro, que o banco estatal pretendia acertar no curto
prazo contrato de assessoria financeira com bancos para o IPO da
Caixa Seguridade. A expectativa de fontes do mercado era de que a
Caixa poderia levantar cerca de R$ 7,5 bilhões com o IPO da Caixa
Seguridade.
Mudança de planos De acordo com o
presidente da Caixa Seguridade, a mudança de planos não significa
percepção de menor interesse do mercado pela companhia, mesmo num
cenário de dois anos de recessão do país, que tiraram o brilho do
ramo segurador no Brasil.
A previsão preliminar da Confederação Nacional das
Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde
Suplementar e Capitalização (CNseg) é de que o setor tenha
crescido cerca de 9% em 2016, após vários anos de alta de dois
dígitos.
A suspensão dos plano do IPO também
acontece após a CNP Assurances anunciar mais cedo nesta
quinta-feira cancelamento do acordo de abril passado para compra do
controle da Pan Seguros e da Pan Corretora, detida pelo Banco BTG
Pactual, por cerca de R$ 700 milhões.
No anúncio desta quinta-feira, a CNP
afirmou que as condições necessárias para concluir o acordo não
foram cumpridas.
A Caixa é sócia minoritária do BTG
Pactual no Banco Pan, do qual a corretora e a divisão de seguros
eram braços de negócios.
Segundo Rezende Neto, a suspensão do
negócio da CNP com o BTG Pactual não afeta a Caixa Seguridade, nem
significa menor interesse de investidores por negócios de seguros
no país.
“O setor de seguros é promissor no
Brasil e a Caixa Seguridade está mostrando resiliência”,
completou.