Nas últimas semanas tive a
oportunidade de participar de alguns eventos de corretores de
seguros no Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina. O
resultado foi uma visão altamente positiva da atividade. Se eu já
achava que o futuro dos corretores de seguros é brilhante, com mais
de metade do Brasil para ser segurado nos próximos dez anos, a
visão de curto prazo também ficou mais otimista.
O problema de uma crise como a que
o país atravessa não é a danação dos incompetentes, é a
possibilidade do cidadão ser engolido vivo porque está no lugar
errado, na hora errada. As coisas simplesmente acontecem
independentemente de capacidade ou culpa pelos fatos.
No caso dos corretores de seguros,
nos próximos dezoito meses pelo menos, o Brasil estará sujeito a
soluços violentos, que quebrarão mais de uma empresa dos mais
diversos tamanhos. Imagine uma corretora que tenha como principais
clientes meia dúzia de empresas de porte médio, as quais ela
atende, além dos funcionários, colocando os seguros da forma mais
profissional possível, nas melhores seguradoras para cada tipo de
risco. De repente, por causa da crise, uma destas companhias
quebra, e depois outra, e outra, e outra e outra. Da noite para o
dia a corretora também estará quebrada porque as fontes de sua
produção deixaram de contratar seguros. As empresas porque
quebraram e seus funcionários porque perderam os empregos.
A corretora de seguro não teve
qualquer interferência nos fatos. Não foi incompetente, não foi
amadora, não colocou mal os seguros, enfim, não cometeu nenhum
deslize, por mais leve que fosse, que justificasse a perda da
produção. E isto não é ficção. Diante do cenário nacional pode
acontecer com mais de uma corretora e, dependendo do ramo de
atividade dos segurados, bem rapidamente.
O Brasil é maior do que a
crise econômica. Pode demorar mais, pode demorar menos, mas em
algum momento a nação retomará seu ritmo de crescimento
É por isso que os eventos dos quais
participei me deixaram mais otimista quanto ao futuro de curto
prazo de boa parte dos corretores de seguros, pelo menos nestes
três Estados. O que eu vi foram eventos focados em discussões de
problemas concretos e a busca das melhores soluções para eles. Em
todos convivi com corretores de seguros focados em seu negócio,
preocupados com a situação de seus clientes e buscando alternativas
que lhes permitam sobreviver à tempestade para, quando a situação
nacional mudar, estarem prontos para acelerar e ocupar os espaços
deixados pela crise, mas, mais importante do que estes, ocupar os
novos espaços que a sociedade irá demandar, oferecendo as apólices
necessárias para atender a demanda por seguros de milhões de
residências que atualmente não têm qualquer tipo de cobertura. Para
atender os mais de 70% de veículos sem algum tipo de seguro. Para
atender as dezenas de milhares de empresas que precisarão rever os
seus seguros.
O Brasil é maior do que a crise
econômica. Pode demorar mais, pode demorar menos, depende de uma
série de fatores ainda indefinidos, mas a verdade é que, em algum
momento nos próximos dois anos, a nação retomará seu ritmo de
crescimento. Quem sabe no início ainda não tão acelerado, mas
dentro de algum tempo, suportável para boa parte da população, a
demanda voltará a crescer e com ela o consumo de bens e produtos
essenciais para a sociedade.
Quando este cenário positivo se
materializar, o setor de seguros deve entrar nele em condição
bastante mais favorável do que outras atividades econômicas. Com
certeza o ritmo do mercado cairá em 2015, mas não em patamares
capazes de comprometer a solidez das companhias de seguro.
As previsões apontam crescimento,
ainda que menor, para todo o setor, sendo que, na pior das
hipóteses, um faturamento semelhante ao do ano passado já está
garantido.
O que eu vi nos eventos dos
corretores de seguros foi a discussão séria e fecunda na busca de
soluções inteligentes para os principais problemas que afetam a
categoria, não só no longo prazo, mas – não menos importante – para
o dia de amanhã e para os próximos meses, nos quais, em função da
crise e de seus desdobramentos, as soluções atuais podem ser
insuficientes se a sorte decidir virar.