Pediatra especializado em
administração hospitalar, o médico José Carlos de Souza Abrahão, de
63 anos, tomou posse no dia 23 de junho, no Rio de Janeiro, do
cargo de diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS), órgão que regula o setor responsável pela saúde
de 50 milhões de brasileiros.
Em entrevista
exclusiva, ele afirma que, durante seu mandato de dois anos,
pretende aumentar a integração entre os planos e o SUS,
intensificar a cobrança de ressarcimento das operadoras e combater
o desperdício de recursos tanto na realização de procedimentos
desnecessários quanto na gestão inadequada das empresas.
O novo diretor afirma que a primeira medida que
pretende tomar é trabalhar com a "agenda regulatória que está
calcada no tripé da garantia de acesso com qualidade,
sustentabilidade do setor, não só econômica mas também
assistencial, e a integração com o Sistema Único de Saúde (SUS)".
"Primeiro, a gente tem que. O Brasil tem um grande sistema nacional
de saúde. O que nós precisamos é trabalhar bastante o diálogo, o
relacionamento entre todos esses atores para que nós possamos
realizar uma regulação adequada sempre focada no consumidor", diz
Abrahão.
O médico acredita no estímulo de campanhas pelo uso consciente
do "sistema de saúde brasileiro e do sistema de saúde suplementar".
"A sua preservação acontecerá por meio de um conjunto múltiplo de
ações, como critérios no processo de incorporação tecnológica,
desenvolvimento de protocolos clínicos avaliação do
custo-efetividade dos procedimentos, combate ao desperdício. Temos
de rediscutir o modelo de remuneração entre operadoras e
prestadoras, precisamos reduzir o custo setorial e a
imprevisibilidade; e não podemos esquecer que a sociedade mundial e
a brasileira conseguiram uma conquista, que é a maior sobrevida da
nossa população, mas essa maior sobrevida leva a um perfil
epidemiológico importante, com mais doenças neurodegenerativas",
diz.
SUS
"A saúde suplementar é um braço do sistema
nacional de saúde", diz Abrahão sobre aumentar a integração com o
SUS. "Temos várias ações na saúde suplementar que muitas vezes se
sobrepõem às ações do SUS. Então, a integração dos dois sistemas é
fundamental. Um outro ponto é que estamos cada dia mais preocupados
com o ressarcimento do sistema único, a nossa responsabilidade com
a coisa pública é permanente e o programa do ressarcimento vai
continuar sendo fortalecido", completa.
Sobre como a ANS
pode ser mais incisiva contra as operadoras que negam cobertura, o
novo presidente avalia: "há uma consulta pública agora em que
estamos fazendo com que as operadoras tenham as suas ouvidorias
para atender presencialmente os seus beneficiários. É mais uma
medida para estimular a operadora a oferecer um atendimento de
melhor qualidade".