Para o economista da FGV, Gabriel Leal de Barros,
novo imposto é 1,2 vezes maior que a antiga
contribuição
Os R$ 45 bilhões destinados ao novo imposto para cobrir os
gastos com a saúde, anunciado para 2012 pela ministra das Relações
Institucionais Ideli Salvatti, é um valor superior ao arrecadado
pela antiga Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira
(CPMF). É o que afirma o economista do Ibre/FGV, Gabriel Leal de
Barros. Segundo Barros, em tributos, a CPMF – no seu último ano de
vigência em 2007 – foi de R$ 36,5 bilhões. “Ou seja, o novo
imposto é 1,2 vezes maior que a antiga contribuição. É mais do que
simplesmente resgatar o antigo tributo”, afirmou Leal de
Barros.
O economista destaca o momento delicado, visto que a economia
mundial passa por um período (que tende a ser longo) de depressão
do nível de atividade econômica. ”Tanto 2011 quanto o próximo
ano não me parecem conjunturas econômicas propícias a aumento de
carga tributária, muito pelo contrário. O Mundo caminha para um
longo período de baixo crescimento e a criação de mais impostos
caminha na direção contrária da busca pela racionalização do
sistema tributário brasileiro. Significa aumento do Custo
Brasil”, revelou.
Para Gabriel Leal de Barros, trata-se de mais um imposto que
contribui para complexar ainda mais a já conturbada estrutura
tributária do país. “Mais do que criar impostos e ou desonerar
setores da economia é necessário pensar a reforma tributária de
forma holística no sentido de simplificar a estrutura de tributação
e estimular a eficiência alocativa. O impacto, além de melhorar o
caixa do tesouro nacional e reduzir a renda disponível no setor
privado ratifica que ajustes ficais no Brasil seguem caminhando
pelo lado da receita, do aumento da carga tributária”.
O economista acha difícil compreender a argumentação da
ministra: “Sob a ótica da União, a Emenda 29 determina que
sejam investidos o equivalente ao ano anterior corrigidos pela taxa
de crescimento nominal do PIB o que já ocorre atualmente. Portanto
do ponto de vista da União, não há mudanças significativas.
Todavia, sob a ótica dos Estados e Municípios, que devem investir
12% e 15% de suas receitas, respectivamente, há impactos relevantes
na estrutura de despesa difíceis de mensurar”, disse. Ainda
segundo ele, atualmente a falta de transparência contábil destes
entes federativos dificulta a apuração efetiva do volume de
recursos aplicados atualmente na saúde.