Para Arthur Rollo, transparência e
confiança são imprescindíveis para a criação de boa-fé entre
cliente e seguradora
O seguro tem muito a contribuir para a
retomada do crescimento brasileiro tanto pela proteção que
proporciona à vida e ao patrimônio, como pela desoneração que isso
gera ao Governo e, também, pelo seu R$ 1 trilhão em ativos
financeiros, que são a maior poupança institucional do país, que
tanto pode ajudar no financiamento da dívida púbica brasileira. A
afirmação foi feita pelo presidente da CNseg, Marcio Coriolano, na
abertura da 8ª Conferência Brasileira de Seguros, a Conseguro,
nessa terça-feira, no Rio. Para tal, admite Coriolano, é preciso
que esse sistema de seguros seja melhor compreendido pela sociedade
e mais apoiado pelo Governo por meio de políticas mais acertivas.
No primeiro semestre de 2017, o setor de seguros arrecadou R$ 117,9
bilhões, incluindo os segmentos de ramos elementares (automóvel,
DPVAT e patrimonial), cobertura de pessoas, capitalização e saúde
suplementar.
Secretário Nacional do Consumidor do
Ministério da Justiça e Segurança Pública, Arthur Rollo concorda
que falta ainda uma penetração maior na sociedade dos conceitos e
termos próprios do ramo securitário e, mesmo assim, uma gama muito
grande de pessoas contrata seguro.
“Muitos consumidores não têm
conhecimento de como funciona o mercado e desconhecem as regras do
negócio. Se o consumidor recebe informações pela metade, na hora do
sinistro, ficará insatisfeito”, observou o secretário durante sua
palestra na 7ª Conferência de Proteção do Consumidor de Seguros,
que ocorre em paralelo à 8º Conseguro, em que falou justamente
sobre o aprimoramento da relação do mercado com o consumidor.
Segundo Rollo, transparência e
confiança são elementos imprescindíveis para a criação de boa-fé
entre cliente e seguradora e reforçou a importância de se manter um
diálogo aberto entre as partes. E ressaltou que compete as
seguradoras, por exemplo, explicar as regras de coberturas;
excepcionalidades, restrições, deveres e obrigações.
Durante sua apresentação, o secretário
apresentou o que classificou de alguns desvios práticos em relação
à cobertura, como atrasos nos pagamentos das indenizações;
cláusulas de não indenizar quando o motorista está com a Carteira
Nacional de Habilitação (CNH) vencida; falta de clareza em relação
à diferença entre roubo e furto, entre outros.
“Não havendo transparência não haverá
confiança. A confiança vem com a realização da justa expectativa”,
assinalou, encontrando apoio nas declarações do desembargador do
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Werson Rêgo, que
frisou que “a transparência não é mais opcional, mas sim necessária
para reforçar a confiança, inclusive para se reconhecer erros”.
Rollo pontua que o setor de seguros,
hoje, tem apresentado boas respostas no atendimento ao cliente:
“Hoje, com as mídias sociais, a gente
diz que o consumidor está mais empoderado, porque ele entra em
contato com a empresa, reclama na empresa e, se não recebe a devida
atenção, vai para as redes sociais e muitas vezes produz um efeito
muito maior”, afirma.
Rosana Techima Salsano, diretora de
Previdência da Caixa Seguradora, fez coro com o secretario do
Ministério da Justiça ao que se refere à importância de haver essa
relação mais saudável entre seguradora e segurado.
“Nesses 27 anos de existência do
Código de Defesa do Consumidor (CDC) muitas mudanças aconteceram.
Os clientes não aceitam mais explicações mal dadas. Ele entra na
rede social e fala”, enfatizou, destacando o empoderamento do
consumidor.
Com esse novo status de consumidor,
observou Rosana, o mercado segurador enfrenta alguns desafios, como
de estabelecer um relacionamento de longo prazo, tendo em vista que
em securitização existem produtos intangíveis (seguro de vida). Ao
que se refere à comunicação, aproximar a linguagem hermética do
consumidor comum, subtituindo a gama de termos técnicos utilizados,
sobretudo, nos contratos; e reforçar e ampliar cada vez mais os
canais diretos de comunicação com o consumidor
Além do momento institucional
brasileiro e da proposta de uma agenda para o futuro, serão
discutidos na Conseguros, que será encerrada nesta quinta-feira,
entre outros temas, a regulação e o desenvolvimento do mercado de
seguros; as reformas microeconômicas necessárias para o crescimento
do país; o fomento de movos investimentos; a transferência de
riscos no mercado de capitais; e a prevenção à corrupção.
“Vamos debater o nosso papel para o
amadurecimento do brasileiro e a implantação de uma cultura de
educação em seguros”, afirma o presidente da CNseg, Marcio
Coriolano.
A Proteção do Consumidor nas Relações
de Saúde Suplementar é o tema do painel que acontece neste momento
na 7ª Conferência de Proteção do Consumidor de Seguros. Falam sobre
o tema a advogada da Carlini Sociedade de Advogados, Angélica
Carlini, e o Ceo da Kantar Health Company, Otávio Clark. Com
mediação da editora da Defesa do Consumidor do O Globo, Luciana
Casemiro, participam do debate o diretor da Bradesco Seguros,
Flávio Blitter, e o diretor técnico da Amil, Paulo Jorge Rascão
Cardoso.