As operadoras e seguradoras de
saúde vão propor neste ano um reajuste médio de 18% para os
convênios médicos corporativos – modalidade de benefício concedida
pelas empresas aos funcionários. Trata-se de um aumento de quase
dois pontos percentuais em relação ao registrado em 2014 e uma das
taxas mais elevadas no mundo. A estimativa é que o reajuste médio
mundial seja de 10,15% neste ano, de acordo com pesquisa realizada
pela Aon. No Brasil, há quase 34 milhões de usuários de planos de
saúde corporativos, o equivalente a 66% do total do mercado.
“O aumento expressivo nos custos da
saúde no Brasil são decorrentes da variação do dólar, pois muitos
equipamentos e medicamentos são importados, da falta de leitos
hospitalares e porque o plano de saúde é usado sem controle”,
explica Humberto Torloni, vice-presidente de benefícios globais
para a América Latina da Aon, uma das maiores corretoras e
consultorias de seguros do mundo. O levantamento da Aon englobou
dados dos 83 países em que atua. No Brasil, a Aon administra uma
carteira com 1,3 milhão de usuários de planos de saúde.
A curva ascendente nos custos de
saúde no Brasil vai na contramão que vem ocorrendo nos Estados
Unidos, país em que o setor de saúde tem semelhanças com o mercado
brasileiro e têm custos elevados devido à incorporação de
tecnologias caras. No mercado americano, o reajuste médio previsto
pela Aon neste ano é de 6,5%, queda de dois pontos percentuais em
relação a 2014.
Segundo Torloni, nos Estados
Unidos, há em curso uma mudança no modelo do benefício saúde aos
funcionários. As companhias americanas concedem uma quantia em
dinheiro para o empregado adquirir um seguro saúde, mas ele também
arca com uma parcela do custo da apólice e dos procedimentos
médicos. “Nos EUA, o funcionário escolhe, uma vez por ano, o seguro
saúde de sua preferência. O reajuste é baseado no seu histórico de
uso, o que faz ele usar o plano com mais cautela”, diz Torloni.
Diante do custo elevado do convênio
médico no Brasil, as empresas buscam cada vez mais alternativas
para reduzir a despesa desse benefício que, muitas vezes, é fruto
de acordo sindical e não é possível cancelar. Segundo o executivo
da Aon, aumentou o número de empresas com planos de saúde com
co-participação (em que o funcionário desembolsa uma parcela do
custo de consultas ou procedimentos que utiliza) e programas de
prevenção à saúde. Além disso as empresas estão optando por um
modelo em que o pagamento é feito à operadora após o sinistro, com
uma contratação do “stop loss”, instrumento financeiro que garante
despesas extras. Hoje, o sistema mais comum no Brasil prevê a
remuneração antecipada com base na expectativa dos gastos futuros e
posterior reajuste.