As
prioridades das mulheres mudaram muito ao longo dos anos.
Antigamente, no tempo de nossas avós, o casamento e os filhos eram
os melhores caminhos para uma vida feliz. Hoje tudo
mudou.
Não
que a família não seja importante, mas a vida profissional também
ganhou lugar nessa coleção de prioridades. Fora as viagens, o
estudo, a diversão... E com isso dúvidas surgem: qual o melhor
momento de engravidar? Deixo para mais tarde? E quais os riscos da
gravidez mais tardia? Por conta disso, muitas mulheres têm optado
pelo congelamento do óvulo, procedimento cada vez mais comum no
Brasil e no mundo.
A técnica de congelamento melhorou
muito nas últimas três décadas. Se na década de 80 somente 10% dos
casos davam certo, hoje esse número aumentou para 30% a 40%,
segundo a Dra. Ana Lucia Beltrame, especialista em Reprodução
Humana. “A técnica mudou, a qualidade do congelamento também, e o
procedimento tornou-se mais simples. Na vitrificação, os óvulos são
congelados com uma velocidade extremamente rápida, o que reduz
danos durante o processo. Hoje o armazenamento de 6 a 10 óvulos é
suficiente para uma gestação”, garante.
É preciso ficar atenta a quem a
técnica é indicada: para mulheres que têm histórico de menopausa
precoce entre os familiares; para as que passarão por quimioterapia
ou radioterapia; que tem mais de 35 anos, sem parceiro, que desejam
conservar sua fertilidade; e para casais que obtiveram óvulos em
excesso durante um processo de fertilização in vitro.
Não existe uma idade máxima para que
você opte pelo congelamento, mas é necessário estar ciente de que
passar pelo procedimento depois dos 40 anos vai resultar em um
óvulo mais velho, que pode não se tornar um embrião. “Uma boa faixa
etária para ‘guardar’ o óvulo seria abaixo dos 35 anos. Quando a
mulher congela o óvulo com mais de 40, há somente 10% de chance de
a fertilização dar certo”, explica.
E quanto tempo o óvulo pode ficar
congelado? “Durante anos. Quando o procedimento é bem feito, ele
preserva as suas características e pode ser utilizado anos mais
tarde. Assim que passou pelo procedimento, o óvulo não envelhece
mais e suas características são mantidas. Posso dizer que 80% a 90%
sobrevivem após o descongelamento”, responde a Dra. Ana Lucia
Beltrame.
Sobre a Dra. Ana Lucia
Beltrame:
A Dra. Ana Lucia Beltrame é médica
formada pela UNIFESP – Escola Paulista de Medicina, mestre em
ciências e especialista em ginecologia e obstetrícia pela Faculdade
de Medicina da USP.
A profissional participa
continuamente de congressos e simpósios nacionais e internacionais,
é membro efetivo da Sociedade Americana e Europeia de Medicina
Reprodutiva e junto com quatro parceiros, fez parte da equipe
responsável pela criação do Centro de Reprodução Humana do Hospital
Sírio Libanês. Faz parte também do corpo clínico dos principais
hospitais de São Paulo como Hospital Sírio Libanês, Hospital Albert
Einstein, Promatre Paulista e Hospital São Luiz.