Profissionais da área de saúde contrários e favoráveis aos vetos
presidenciais ao Ato Médico - que devem ser votados no início da
noite de terça (20) - se mobilizam no Congresso Nacional para
influenciar na decisão.
Médicos e enfermeiros vestidos com jalecos e camisetas
manifestando sua posição conversam com parlamentares na tentativa
de convencê-los de suas posições. Com gritos de ordem, os
defensores dos dois lados se opuseram no Salão Verde da Câmara dos
Deputados.
No gramado em frente ao Congresso Nacional foi escrita a frase
"Mantenham os vetos". Essas são algumas das categorias que lotam o
Congresso em manifestações relacionadas ao interesse profissional.
Entre os manifestantes também estão policiais militares e
bombeiros, que pedem a aprovação em segundo turno da Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) 300.
Defendendo a derrubada dos vetos, o presidente da Federação
Nacional dos Médicos (Fenam), Geraldo Ferreira, contou que os
médicos fazem um dia de grande mobilização. "Estamos com caravanas
de todo o Brasil e lideranças sindicais que estão percorrendo o
Congresso. Sabemos que há uma pressão grande do governo. Entendemos
que é preciso preservar o grande acordo que foi feito durante 12
anos de discussão do projeto no Congresso e acreditamos na
derrubada [dos vetos]", disse.
Integrantes de uma caravana com 90 profissionais de enfermagem
vindos de cidades de São Paulo estavam nos corredores e no Salão
Verde da Câmara. A conselheira do Conselho Regional de Enfermagem
de São Paulo (Coren-SP), Ana Maria Donnabella, defendeu a
manutenção dos vetos.
Ela avalia que a derrubada será um retrocesso e irá acabar com a
autonomia de diversos profissionais da área de saúde. "Imagine uma
campanha de vacinação precisar de um médico do lado, dizendo se
cada criança pode ou não ser vacinada. O enfermeiro já tem essa
autonomia", disse Ana Maria. "Quem vai sofrer serão os próprios
médicos e os pacientes", completa.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, está no Congresso desde
o final da manhã articulando com deputados, senadores e entidades.
Hoje, o governo decidiu encaminhar ao Congresso um projeto de lei
em regime de urgência com o qual espera pacificar a polêmica em
torno da questão.
Padilha apresentou aos líderes da base aliada do governo e ao
presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), a
proposta que garante que o diagnóstico de doenças e a prescrição
terapêutica sejam atividades privativas dos médicos, mas assegura a
atuação de profissionais de acordo com os protocolos já adotados
pelo Sistema Único de Saúde (SUS).