A tecnologia da informação (TI) está ajudando hospitais a darem
um novo passo rumo à modernização e controle de processos. Rotinas
que antes eram feitas na base do papel, caneta e muitos cálculos,
hoje são realizadas de forma eletrônica e quase imediata. É a
revolução digital, que chegou ao hospital São José, de Criciúma
(SC), e vem ajudando médicos a administrar melhor a dieta e as
doses de medicamentos a serem dadas aos pacientes.
Esses procedimentos eram feitos de forma manual na maioria dos
casos. Alguns poucos utilizavam planilhas eletrônicas comuns para
auxiliar nos cálculos que levam em conta a situação do paciente,
peso, altura, idade, etc. Cada resultado dependia de equações
específicas e só após muitas contas, o médico conseguia saber
exatamente qual a melhor forma de ajudar na recuperação dos
pacientes. Mesmo assim, ainda perdia mais algum tempo para passar
todas as informações para o prontuário.
A situação poderia ser melhorada e esse era o desejo da direção
do hospital. Com mais rapidez, médicos e pacientes ganhariam tempo.
Para os primeiros isso, representaria maior dedicação a outros
procedimentos igualmente importantes. Já os pacientes teriam um
atendimento mais rápido e certeiro.
A solução adotada teria de passar pela TI. Além dos cálculos,
era preciso avançar na eliminação de papel e procedimentos que
dependiam de algum suporte físico. Era necessário dar mais um passo
na digitalização do hospital. Porém, por não existir um produto
pronto no mercado, o desenvolvimento teve de ser feito
internamente.
Em março de 2011, a UTI Neonatal começou a implantação dos cálculos
das doses de medicamentos e dietas e a transferência automática dos
dados para o prontuário eletrônico. Os benefícios da decisão
começaram a aparecer logo nos primeiros dias. Toda a organização e
visualização do prontuário estavam reunidas no sistema, de modo que
os médicos ganharam tempo para se dedicarem mais aos pacientes. Em
setembro de 2011, o projeto foi completado e os objetivos
alcançados.
O hospital buscava agilizar os cálculos complexos das doses de
medicamentos e dietas, melhorar a organização e coerência das
informações inseridas no prontuário do paciente e centralizar os
dados médicos. Tudo isso envolvido em muita segurança, para que a
transformação e esse novo passo no mundo digital não fosse
acompanhado de desconfianças quanto aos resultados ou que
informações dos pacientes fossem perdidas.
Os investimentos realizados pelo São José foram na compra de
alguns equipamentos e sistemas. A consultoria foi feita pela Wheb
Sistemas, hoje Philips Healthcare. A presença de um parceiro de
negócios especializado foi muito importante no primeiro momento. A
consultoria auxiliou no processo de treinamento da parte clínica
assistencial, na elaboração das documentações necessárias e
projetos a serem executados, na confecção de manuais utilizados e
no processo de definições de tarefas.
Os resultados obtidos foram considerados positivos. Houve
uma diminuição brusca de folhas no prontuário físico do paciente, o
sistema de entrega de medicamentos ficou mais organizado e
controlado. O hospital ganhou resultados mais seguros e corretos no
procedimento de solicitação e entrega de exames, além de mais
comodidade dos médicos no trato com os pacientes.
Os resultados intangíveis já detectados também estão
entusiasmando o hospital. A coerência das informações está mais
destacada e isso trouxe um reconhecimento pelo trabalho prestado
pelas equipes envolvidas no projeto. A confiança nas informações
aumentou com o novo processo e isso deve beneficiar novos avanços
do hospital na área da TI.
O maior desafio enfrentado pelo São José durante a implantação
dos cálculos das doses de medicamentos e dietas e a transferência
automática dos dados para o prontuário eletrônico foi contornado
com o bom planejamento. Os horários dos médicos e equipes a serem
treinadas foram encaixados de forma a não atrapalhar a rotina da
instituição.
O choque cultural, algo que sempre afeta projetos de TI, foi
diminuído com o amplo treinamento e explicações sobre os ganhos do
novo método. “Médicos são acostumados à caneta, mas depois que
implantamos a novidade, eles até sentem falta quando o sistema
passa por alguma manutenção”, lembra a diretora geral, Cecília
Martinello.
Para ela, os maiores ganhos do projeto estão na segurança dos
pacientes e na continuidade da operação de forma padronizada. “O
número de internações é muito grande e há ainda profissionais que
entram e saem daqui. Mas se o processo está automatizado, tudo fica
mais fácil”, destaca.