Estima-se que apenas algo como 4% das instituições prestadoras
de Serviços de Medicina Diagnóstica sejam certificadas ou
acreditadas por programas de gestão da qualidade, um número
extremamente baixo e alarmante.
A implantação de um sistema de gestão da qualidade que leve à
abtenção de uma certificação ou acreditação é algo, no Brasil,
voluntário, periódico e reservado.
As principais diferenças entre estes dois processos são: na
Certificação, temos os processos, atividades e instruções definidas
pelas próprias instituições e uma auditoria externa garante que
tais práticas estão sendo realizadas e controladas conforme
descrito, isto é, há uma garantia por escrito por uma terceira
parte. Um exemplo deste modelo é a ISO (International Standard
Organization).
Na Acreditação, existem padrões ou requisitos previamente
definidos por especialistas que serão observados por meio de
evidências nas auditorias. Citamos exemplos como o PALC (Programa
de Acreditação de Laboratórios Clínicos)da Sociedade Brasileira de
Patologia Clinica / Medicina Laboratorial (SBPC/ML), a ONA
(Organização Nacional de Acreditação), DIQC (Sistema Nacional de
Acreditação) da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas, os
programas internacionais como o CAP (College of American
Pathologists), ACR (American College of Radiology), além daqueles
mais comuns no ambiente hospitalar, como Joint Comission
International,NIAHO, CQH, etc.
Importante destacarmos que a maioria destes programas possui,
hoje, não somente o foco no processo analítico, isto e, na
realização propriamente dita dos exames diagnósticos, mas também
uma visão sistêmica da instituição, abrangendo as atividades de
atendimento ao cliente, gestão de negócios, planejamento
estratégico, infraestruturae recursos, etc.. Nota-se, portanto, que
há um significativo benefício naimplantação destes programas não só
para a segurança técnica qualidade do laudo), mas também na
sustentabilidade das instituições.
Após a publicação do relatório To Err is Human, do Instituto de
Medicina dos EUA, onde foram abordados os grandes números de erros
e eventos adversos em saúde, muitos dos programas de qualidade se
desenvolveram nos requisitos relacionados à segurança do
paciente, minimizando os impactos negativos nos pacientes pela
prevenção e atuação sobre os principais processos passíveis de
erros.
Destacamos, também, a obrigatoriedade de publicação, por parte
das Operadoras de Saúde, em seus guias de rede credenciada, de
quais prestadores possuem um sistema de gestão da qualidade
certificado ou acreditado e daqueles que não os possuem, deixando
tal informação transparente aos usuários e que certamente serão
utilizadas em seuprocesso de escolha.
Muito se discute, e alguns pilotos já ocorrem, sobre a melhor
remuneração daqueles prestadores que possuem um sistema de
gestão da qualidade certificado/acreditado. Leva-se em conta aqui a
possibilidade de redução dos custos totais em saúde com estes
prestadores de serviços, já que seus resultados, desfechos ou
entregas tendem a possuir menor número de desperdícios, como por
exemplo, menor necessidade de repetições ou novos procedimentos,
menor tempo de diagnostico, etc.
Assim, podemos concluir que as empresas com um Sistema de Gestão
da Qualidade Certificado ou Acreditado, possuem não somente
seus processos diagnósticos (analíticos) melhor padronizados e
livres de erros, mas que seus pacientes estão com uma assistência à
saúde mais segura, seus negócios tendem a ser mais sustentáveis e,
finalmente, com certa pressão de mercado, uma maior vantagem
competitiva.