Conheça os cinco pontos da pauta de
reivindicação da categoria médica, entre eles está o reajuste nos
honorários e o fim da interferência das operadoras na relação
médico-paciente
Entidades médicas organizam
protesto nacional entre os dias 10 e 25 de outubro contra os
“abusos” cometidos pelos planos e seguros de saúde. Para marcar o
início da mobilização nacional, os profissionais realizarão atos
públicos (assembleias, caminhadas e concentrações) nos estados em
10 de outubro. A partir de então, com base em decisões tomadas em
assembleias locais, a categoria pode suspender, por tempo
determinado, consultas e outros procedimentos eletivos por meio de
guias dos convênios – sem cobrança de valores adicionais – que
serão definidos como alvo pelas assembleias. As mobilizações serão
articuladas pelas Comissões Estaduais de Honorários Médicos.
“O movimento médico brasileiro tem
buscado incessantemente o diálogo com as empresas da área de saúde
suplementar, mas os avanços ainda são insatisfatórios. O que está
em jogo é o exercício profissional de 170 mil médicos e a
assistência a quase 48 milhões de pacientes”, afirma Aloísio
Tibiriça, 2º vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM)
e coordenador da Comissão Nacional de Saúde Suplementar
(COMSU).
Para o presidente da Associação
Médica Brasileira (AMB), Florentino Cardoso, a insatisfação de
médicos e beneficiários de planos de saúde, confirmada por diversas
pesquisas de opinião, chegou ao limite. “O sistema suplementar de
saúde passa por crises e nós devemos buscar juntos as melhores
soluções, especialmente as que contemplam melhorias e crescimento
sustentável”.
Reivindicações – Além de reajuste nos
honorários, os médicos pedem o fim da interferência “antiética” das
operadoras na relação médico-paciente. Também reivindicam a
inserção, nos contratos, de índices e periodicidade de reajustes –
por meio da negociação coletiva pelas entidades médicas – e a
fixação de outros critérios de contratualização.
Os pacientes serão previamente
informados da suspensão do atendimento, podendo ter suas consultas
e procedimentos eletivos reagendados. Segundo as entidades, os
casos de urgência e emergência não serão prejudicados. “As
autoridades do setor estão sendo notificadas nesta semana sobre a
mobilização”.
Para os líderes do movimento
médico, ainda falta muito para aperfeiçoar a relação com os planos
de saúde, apesar de alguns avanços nas negociações conjuntas.
Histórico –
Em comunicado, as entidades afirmam, ainda, que algumas conquistas
dos médicos surgiram após as três recentes mobilizações da
categoria com foco na queda de braço entre profissionais e
operadoras. A primeira em 7 de abril de 2011 e a segunda em 21 de
setembro do mesmo ano. A última mobilização nacional aconteceu em
25 de abril, quando, além de protestarem, representantes das
entidades médicas nacionais entregaram formalmente à Agência
Nacional de Saúde Suplementar (ANS) um documento com 15 propostas
para estabelecer critérios adequados para a contratação de médicos
pelas operadoras de planos de saúde e para a hierarquização dos
procedimentos estabelecidos pela CBHPM.
Após cinco meses, ANS afirma ainda
analisar proposta da categoria. Durante esse período, a Agência
publicou a Instrução Normativa nº 49, que foi considerada inócua
pelas entidades, pois não tem o pressuposto da negociação
coletiva.
Legislativo e sociedade – Em paralelo às negociações
com a ANS e à mobilização nacional, o movimento médico também
aposta na aprovação do Projeto de Lei 6964/10, que garante o
reajuste anual e torna obrigatória a existência de contratos
escritos entre as operadoras e seus prestadores de serviços.
Atualmente em fase final de tramitação, o projeto se encontra na
Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara
dos Deputados.
Insatisfação com
planos
Estudo da Associação Paulista de
Medicina (APM) realizado pelo Instituto Datafolha, mostra que 77%
dos usuários de planos de saúde no estado de São Paulo enfrentaram
problemas no atendimento, como superlotação e longas esperas nos
hospitais. O estado concentra hoje o maior número de beneficiários
de planos de saúde do país, com um universo de 10 milhões de
pacientes da saúde suplementar.
Sobre os médicos e prestadores de
serviço, a percepção de 66% dos usuários é de que os planos colocam
restrições em diversas etapas para realização de exames de maior
custo e, para (53%), de que os planos restringem o tempo de
internação hospitalar ou UTI. Mais de 60% dos usuários ainda
afirmam ter a imagem de que os planos de saúde pagam aos médicos um
valor muito baixo por consulta ou procedimento.
Conheça os cinco pontos da
pauta de reivindicação da categoria médica:
1. Reajuste dos honorários de
consultas e outros procedimentos, tendo como referência a
CBHPM.
2. Inserção nos contratos de critério de reajuste, com índices
definidos e periodicidade, por meio de negociação coletiva
3. Inserção nos contratos de critérios de descredenciamento
4. Resposta da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), por
meio de normativa, à proposta de contratualização, encaminhada
pelas entidades médicas
5. Fim da intervenção antiética na autonomia da relação
médico-paciente.
O que acontece?
- No dia 10 de outubro, médicos de
todo o país organizam atos públicos (caminhada, manifestação,
assembleia) para marcar o início do movimento.
– Durante 15 dias, entre 10 e 25 de outubro, os profissionais podem
suspender o atendimento através das guias dos planos de saúde.
– Os pacientes serão previamente informados da suspensão do
atendimento, podendo ter suas consultas e procedimentos eletivos
reagendados.
– Os atendimentos de urgência e emergência serão mantidos.