Uma audiência pública debateu, na tarde desta segunda-feira (5), problemas no atendimento e mudanças na gestão do Instituto de Assistência à Saúde e Social dos Servidores Municipais de Goiânia (Imas). Mais de 100 pessoas participaram da discussão.
Servidores municipais e representantes do poder público conversam sobre melhorias no serviço do convênio após, por cinco dias, hospitais e laboratórios só atenderem membros do convênio em situações de urgência ou emergência. As unidades alegaram que a suspensão do atendimento ocorreu por causa do constante atraso nos pagamentos que deveriam ser feitos pela administração municipal.
A audiência começou às 14h e durou até por volta de 17h30. O debate ocorreu no auditório Carlos Eurico, na Câmara Municipal de Goiânia. Na bancada, estavam vereadores e o presidente do Imas, Sebastião Peixoto. Um dos parlamentares que propôs a audiência, Elias Vaz (PSB) disse que é preciso buscar uma solução para os problemas do Imas com os servidores, que fazem parte do convênio.
"O Imas está falhando muito. A situação é dramática. Nós estamos cobrando do poder público uma solução", disse.
Aposentada por invalidez, a servidora Lenita Valéria, de 52 anos, está na fase de metástase do câncer, que começou com um tumor na mama. Ela conta que paga há 22 anos o plano de saúde, mas, desde julho do ano passado não consegue mais consultas pelo Imas e precisa pagar por elas. Algumas custaram até R$ 300.
"Ninguém merece passar por essa situação, nós estamos sofrendo. Ele [ presidente do Imas], me disse que eu mereço morrer, mas não desmorono. Peço que Deus interceda por nós que estamos sofrendo e pelo presidente do Imas. Tenho medo de vir a precisar de radioterapia e não conseguir fazer", disse.
O presidente do Imas alega que há atendimento para os servidores com câncer . "Essa paciente chegou no Imas quase morrendo. Ela foi salva pelo Imas. Gastamos R$ 1 milhão com o tratamento dela. Acho que o Imas é viável, tem condições. A burocracia que era muito grande", afirma.
Peixoto afirma também que está pagando os débitos com unidades de saúde. "A dívida é de R$ 32 milhões até dezembro de 2017. Estamos com 45 dias de atraso. Foi combinado que até o dia 20 o Imas estará com tudo quitado", afirmou.
Os servidores presentes na audiência defendem a mudança da gestão do Imas. Eles afirmam que querem ser os responsáveis por gerir o convênio de saúde, como disse a funcionária pública do município Andreia Gonçalves. "[A organização] tem que vir para as mãos dos servidores porque somos competentes e temos de cuidar do que é nosso", pontuou.
Segundo a Prefeitura de Goiânia, o Imas atende cerca de 84 mil associados e possui 2 mil prestadores de serviço. O secretário de Finanças do município, Alessandro Melo da Silva, participou da audiência e disse que há dinheiro em caixa para custear as dívidas do Imas. No entanto, é preciso analisar os contratos.
Já o controlador-geral do município, Juliano Bezerra, explicou que já está focado na análise dos documentos e que trocou dois servidores para que os processos sejam instruídos da forma devida. Assim, o tempo gasto com a análise é reduzido.
"Vamos tentar solucionar o nosso problema aqui. A minha função é identificar o que tem de irregular e corrigir", afirmou.
Uma das mudanças debatidas foi um possível convênio entre o Imas e o Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado de Goiás (Ipasgo). Grande parte dos funcionários do município não concorda com a medida. Outros sugeriram que, se houver o convênio, o servidor deve poder escolher com qual instituto quer colaborar.
Em relação ao convênio, o controlador-geral negou a possibilidade dessa parceria. Segundo ele, a Prefeitura de Goiânia quer “salvar o Imas” e pode atender a servidores que recebem pouco já que a contribuição exigida é menor que a do Ipasgo.