Abramge queria um aumento de 19,4%
para as mensalidades e ANS autorizou 13,55%. Inflação oficial
acumulada em 2016 pelo IPCA foi de 6,2%
No sentido oposto do movimento de desaceleração da inflação,
entidades que representam planos de saúde e escolas pleiteiam
índices de correções de mensalidades muito acima da inflação.
A Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) queria um
aumento de 19,4% para as mensalidades, mais
que o triplo da inflação oficial acumulada em 2016
pelo IPCA, de 6,2%. A Agência Nacional de
Saúde (ANS) autorizou 13,55%, um porcentual bem
menor do que o solicitado, mas muito acima da inflação. Os planos
de saúde têm seus preços monitorados pelo governo e precisam que o
reajuste seja autorizado.
Já no caso das escolas, os preços são livres. Porém, elas só
podem reajustá-los uma vez por ano. Para 2018, o Sindicato dos
Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieeesp) prevê
que os reajustes variem entre 4% e 8%. É um índice que supera a
inflação como um todo deste ano, em torno de 3% esperada para o
IPCA.
Pedro Ramos, diretor da Abramge, diz que o descolamento entre os
índices de reajustes das mensalidades pleiteados e concedidos ao
setor em relação aos índices de inflação ocorre por conta de vários
fatores. O primeiro é que a inflação médica é muito mais elevada do
que a inflação geral, porque envolve medicamentos, mão de obra
especializada, por exemplo.
Fraudes
Além disso, ele aponta o grande desperdício, com a solicitação
de exames desnecessários. Ramos acrescenta a grande incidência de
fraudes, que impõe custos maiores.
Ele admite que um reajuste de preço nesse nível é uma dinâmica
perversa que atinge o consumidor, mas ressalta que, se o setor não
tiver preço adequado, as empresas vão fechar. “Temos capacidade
instalada um pouco ociosa e os sinais de recuperação da economia
são muito fracos. Nossa margem está abaixo de 0,5%.” Por causa da
crise, entre janeiro de 2015 e junho deste ano, o setor perdeu três
milhões de beneficiários de planos de saúde.
Já as escolas do Estado de São Paulo não sentiram retração. Em
2016, houve crescimento de 1,4% no número de alunos. “Não perdemos
alunos para a rede pública porque o nosso concorrente é muito
ruim”, diz o presidente do Sieeesp, Benjamin Ribeiro. Ele explica
que houve migração de escolas mais caras para as mais baratas e que
negociações entre pais e alunos para obter descontos se
intensificaram. “Mas as famílias estão privilegiando manter os
filhos na escola particular.”
Quanto ao porcentual de reajuste, Ribeiro diz que escola não é
produto de prateleira e os custos variam de escola para escola.
Como os aumentos só podem ser feitos uma vez ao ano, ele ressalta
que é preciso cautela para não errar. “O mercado é muito
competitivo e qualquer reajuste errado pode afetar a escola, que só
tem como fonte de receita a mensalidade.”