Os seguros de responsabilidade civil,
grandes riscos e previdência privada devem trazer o “auge” do
mercado segurador este ano. Impulsionado pelas medidas do governo,
setor terá novos produtos, regulações mais fortes e maior atuação
das resseguradoras.
Responsáveis por grande parte da
receita do mercado segurador, produtos relacionados às obras de
infraestrutura e projetos público e privados sofreram impactos
imediatos na crise.
Sem confiança política no País, a
falta de investimentos e a baixa concessão de crédito para empresas
serviram de freio para o setor. Em 2016, a expectativa é de alta
entre 7% e 9%.
“Neste sentido, o mercado praticamente
não existiu em 2016, e isso até mudou a estratégia de algumas
seguradoras para tentar novos produtos e abordagens”, comenta
Leonardo Brunetti, superintendente comercial da Lockton.
Os últimos dados da Superintendência
de Seguros Privados (Susep) apontam que produtos de grandes riscos,
por exemplo, mostraram um recuo de 49,9% em novembro de 2016 em
relação a igual mês de 2015.
“Como grande parte da receita era
relacionada ao setor de infraestrutura, o reflexo imediato vêm
dessas linhas”, diz Leonardo Semenovitch, diretor presidente da
Travelers Seguros.
De acordo com os executivos ouvidos
pelo DCI, no entanto, as medidas anunciadas pelo governo tendem,
não apenas a impulsionar a venda desses produtos, como a trazer
novos seguros e regulamentações ainda neste semestre.
Segundo Alexandre Camilo, presidente
do Sindicato dos Corretores de Seguros de São Paulo (Sincor-SP),
nesse cenário, um dos principais destaques de 2017 deve ser o
seguro garantia, cuja reforma na regulamentação deve sair ainda nos
três primeiros meses de 2017.
“O seguro está em discussão no
Congresso, principalmente, para melhorar a lei de licitações e
oferta de garantias, ampliando o percentual exigido. É uma demanda
do governo e atrairá de volta as companhias que tinham se afastado
e com forte crescimento”, identifica.
No geral, o presidente do Sincor
afirma que as mudanças estão no papel das seguradoras, que
“passarão a ver o contrato por dentro e acompanharão para que o
cronograma da obra seja seguido à risca”.
‘Terreno fértil’
Nesse quadro, as corretoras de seguros
ainda entram como consultorias e também sentirão a alavanca dos
seus serviços, principalmente para tentar impulsionar as pequenas e
médias construtoras que, passado o momento de crise no setor, agora
mostram saúde financeira fraca e limite reduzido nos produtos
contratados.
“O objetivo é aumentar em uma média de
200% o limite no seguro garantia contratado, para dar oportunidade
para que as pequenas e médias construtoras ganhem espaço nas obras,
de forma a assegurar um limite base condizente”, afirma Brunetti,
da Lockton.
Para Caio Timbó, diretor financeiro da
LTseg, por sua vez, a complementação do mercado vem dos seguros de
responsabilidade civil, que ganharam fôlego durante a crise e
tendem a continuar fortes neste ano.
“É um terreno fértil para crescimento,
uma vez que permeia todos os setores e, ainda que estejamos vivendo
uma forte crise, é natural que o seguro de responsabilidade civil
tenha um aumento nos prêmios em função da alta na demanda”, destaca
o diretor financeiro.
“Além disso, mesmo sem inventar muita
moda, há também um forte movimento das resseguradoras, que estão
apostando bastante em se impulsionar no mercado brasileiro este
ano”, acrescenta Camilo, do Sincor.
Ainda segundo os executivos, a
perspectiva é de que tanto a reformulação da regulação pela Susep
como os novos produtos já sejam vistos no primeiro semestre, mas
que a retomada do crescimento apenas venha no início de julho deste
ano.
“Essa é uma fatia importante para o
mercado e a retomada chega, ao segundo semestre, melhorando o share
do segmento segurador”, avalia Brunetti, da Lockton.
“Começaremos a sair da posição de
estabilidade e muitos novos produtos ligados à estrutura básica e
energia podem começar a sair no terceiro trimestre”, avalia
Semenovitch, ressaltando que as linhas que aumentaram em 2016
“devem continuar a crescer em 2017”.
“Existe uma demanda reprimida tão
grande que mesmo com esse ambiente adverso, continuamos a crescer.
Essa é a tendência”, conclui o diretor presidente da Travelers.
Custo reduzido
Os executivos ainda destacam o anúncio
de reforma previdenciária do governo, que reforçam os planos de
acumulação para pessoas físicas e jurídicas.
Entre os produtos de previdência
privada que mais cresceram em 2016 está o Brasilprev Pequena
Empresa, disponível na rede de agências do Banco do Brasil, e que
atingiu R$ 27 bilhões em patrimônio em outubro último. Após
aumentar suas reservas em mais de 300% entre 2013 e 2015, o plano
disponível nas versões PGBL e VGBL teve avanço de 51% entre janeiro
a setembro de 2016, ante o mesmo período de 2015.
Segundo o superintendente comercial da
Brasilprev, Mauro Guadagnoli, a procura pelo produto por micro e
pequenas empresas está relacionada a vantagem de reduzir os custos
de administração. “O empresário tem opção de estender o plano para
sua família, dependentes e funcionários. Quanto maior o volume de
recursos, menor a taxa de administração”, disse.
Esse custo pode ser reduzido de 3% ao
ano para o mínimo de 0,7% ao ano, a média é de 1,5% ao ano. “O todo
beneficia cada indivíduo. A somatória das reservas que estão
vinculadas à empresa permite esse desconto. É o que chamamos de
vantagem progressiva individual e coletiva”, comentou.
A taxa de carregamento (de saída) fica
zerada a partir de 72 meses de permanência. “É um incentivo para
ficar no plano para o longo prazo”, completa Guadagnoli, da
Brasilprev.