Como em diversos setores
econômicos, o mercado de Seguro Garantia também vive um clima de
expectativa. As investigações da Operação Lava Jato e que revelou
grandes empreiteiras envolvidas em corrupção nos traz a
possibilidade de aumento nas indenizações deste Seguro. André
Dabus, diretor-executivo da área de Infraestrutura da AD Corretora
de Seguros, afirma que há sim, uma espera no aumento de reclamações
de indenização. Dabus lembra que no processo de Seguro Garantia
primeiro é definida a “expectativa” do sinistro, em seguida a
reclamação, propriamente dita e, com a caracterização do mesmo é
que se efetua o pagamento da indenização. “O problema do mercado é
trabalhar na expectativa de reserva de pagamento de sinistro.
Muitas vezes o segurador é obrigado a provisionar as reservas por
conta de expectativas”, afirma.
Alguns dos envolvidos no processo
da investigação de pagamento de propina na Petrobras, conhecida
como Lava Jato, podem estar em contratos de Seguro Garantia, mas
não necessariamente deverão ser responsabilizados por
inadimplência, não havendo aí sinistro passível de indenização. “É
possível que haja um aumento nas solicitações, mas é preciso
cautela, porque muitas empresas envolvidas podem não ser causadoras
de uma indenização de fato”, alerta.
A verdade é que esta operação da
Polícia Federal e do Ministério Público já influencia o mercado,
com um grande número de empresas paralisando investimentos,
demitindo funcionários e algumas até já chegando a fase de pedir
recuperação judicial. Dabus lembra que deve haver redução no número
de empresas disponíveis para participar de licitações, já que as
grandes empreiteiras envolvidas na investigação da Operação Lava
jato terão problema de idoneidade e não poderão participar. “Assim
as demandas do mercado segurador diminuem. É uma reação em cadeia”,
diz Dabus.
Se por um lado é ruim, por outro
abre oportunidade para empresas menores ou bem posicionadas e que
têm a oportunidade de ocupar esse espaço. Isso também vale para os
corretores que devem estar atentos a essas empresas. De toda crise
nasce uma oportunidade. Dabus afirma que é preciso analisar o
cenárimo no longo prazo. Ele lembra que o setor de infraestrutura
tem sido penalizado pela falta de crédito, uma vez que o setor
financeiro restringiu a oferta. Também foram endurecidas as regras
para participar de uma licitação pública. “Esses fatores devem
fazer com que o mercado tenha um período de latência”, analisa. Ou
seja, há um clima de espera no ar. “Não é que o mercado deixou de
ter projetos, mas eles serão feitos em um período mais longo”, diz
Dabus. E acrescenta: “Todos os setores de economia são convidados a
repensar seu modelo de desenvolvimento econômico para o país e cada
um pode contribuir dentro da sua indústria, o momento é esse”,
finaliza.