As novas regras para o prazo dos
ativos dos planos de previdência aberta passam a valer sobre todo o
estoque da carteira de investimentos, e não mais sobre o fluxo novo
de recursos que entram nos planos. Dessa forma, até 2017 os R$ 450
bilhões de patrimônio dos planos abertos que estiverem alocados em
renda fixa terão que ter prazos maiores.
A Federação Nacional de Previdência
Privada e Vida (Fenaprevi) considerou as mudanças aprovadas pelo
Conselho Monetário Nacional (CMN) na quinta-feira positivas, pois
aprimoram as regras editadas em 2013 – momento em que o mercado de
renda fixa passava por grande estresse.
A resolução anterior determinava
que o prazo médio do conjunto dos investimentos fosse de no mínimo
cinco anos, exigência que caiu agora para três anos. Os fundos
terão até o fim deste ano para se adequarem. Já o prazo médio de
repactuação (prazo médio da carteira descontado o fluxo de
pagamento do principal e dos juros) será de dois anos, não mais
três. Nesse caso, o prazo para adequação foi estendido até janeiro
de 2017.
Agora os prazos são mais
compatíveis com a realidade econômica atual, diz Osvaldo
Nascimento, presidente da Fenaprevi. Ele acredita que o impacto da
mudança nas regras seja pequeno, uma vez que os juros reais de
longo prazo no país voltaram a subir. Em 2013, promover o
alongamento da carteira era maléfico [para a rentabilidade]. Hoje,
o alongamento das carteiras está acontecendo naturalmente.
Outra evolução, segundo Nascimento,
é a liberação do uso de derivativos para proteger o fundo do risco
de volatilidade de mercado. Os ativos de renda fixa de prazos mais
longos são mais sujeitos a estresse de mercado e o uso de
derivativos pode minimizar essas oscilações bruscas.
Em 2013, quando o governo baixou as
regras para substituir ativos de curto prazo e indexados à taxa
Selic dos planos de previdência aberta, o objetivo era desindexar a
economia e viabilizar carteiras mais longas de investimentos. O
problema é que a regra veio em um momento de grande volatilidade na
renda fixa por conta da mudança de expectativa quanto à política
monetária dos Estado Unidos e da reversão da trajetória da taxa
básica de juros local, que começou a subir.
Com isso, ao cenário já ruim de
mercado foi adicionada a pressão regulatória para a mudança do
prazo das carteiras. O que se seguiu foram fundos apresentando
cotas mensais negativas, o que afugentou alguns investidores. Em
julho de 2013, o mercado viu resgate líquido (saques menos aportes)
de R$ 396 milhões – algo incomum para uma indústria acostumada à
captação líquida positiva média de R$ 3,5 bilhões por mês.
Resolvida a questão dos prazos dos
investimentos, agora o mercado espera que o governo aprove a
modernização das regras e limites de investimentos, regidas pela
Resolução 3.308, de 2005. O assunto vem sendo discutido entre o
Ministério da Fazenda e a Susep, orgão supervisor das seguradoras,
e que deve autorizar investimentos no exterior e maior limite de
aplicação em renda variável.