Os ataques cibernéticos aumentaram
48% em 2014, segundo um estudo da PWC. No mesmo período, o número
de incidentes cibernéticos detectados subiu para 42,8 milhões, um
salto de 48 % ante 2013 – o equivalente a 117.339 novos ataques
diários. Este crescimento impactou diretamente no custo: as perdas
financeiras atribuídas a incidentes
de segurança cibernética aumentaram 34% em relação ao ano
passado.
Para Peter Armstrong, head de Cyber
Risks da Willis Group em Londres, o Brasil tem um longo caminho a
percorrer para desenvolver o mercado de seguros contra
ataques cibernéticos. O especialista alerta que, por aqui, já
existem claros ataques com perdas substanciais.
“O Brasil, por volta dos anos 1990,
desenvolveu muito o banco eletrônico. Além disso, conseguiu
estabilizar a economia e hoje possui a segunda maior rede de caixas
eletrônicos (ATMs) do mundo. Todo esse dinheiro eletrônico, aliado
a uma legislação fraca de proteção e sigilo de dados,
tornou-se o cenário propício para a atração de hackers”, explica
Armstrong.
Se a Europa e os Estados Unidos
estão começando a considerar seriamente os seguros de cyber risks,
o Brasil continua tímido. Um estudo realizado nos Estados Unidos
pela Experian e pelo Ponemon Institute aponta que apenas 31% das
empresas possuíam apólices de cyber segurança em 2013. Entretanto,
57% dos entrevistados tinham planos de investir neste tipo de
seguro no futuro (ainda que a maior parte, 70%, admitisse que o
interesse só cresceu após a sua empresa ter sofrido algum tipo de
ataque). Segundo Armstrong, a maturação do mercado só ocorrerá
quando a discussão sobre os riscos dos ataques cibernéticos chegar
aos boards das empresas.
“Um estudo da McAfee, Intel e do
Centro de Estratégia de Estudos dos Estados Unidos identificou que
a escala de perdas por crimes e interrupção de negócios contra o
total de valores transacionados na internet é algo em torno de 15 a
20%. Normalmente, em outros casos, quando o risco chega a 1,5 a 2%,
o mercado fica muito preocupado. Então isso significa que, com o
crescimento do uso da internet, essas perdas ficarão insustentáveis
para o mercado de capitais, que forçará o desenvolvimento do
mercado do seguro contra ataques cibernéticos e o
investimento em segurança. Temos aqui um círculo de maturação”,
pontua. “Podem ser causados danos de reputação em organizações,
problemas físicos e interrupção de negócios para as empresas. Essa
é uma questão crucial para o board das empresas”.
No Brasil, a parte de risco
relacionada à computação na nuvem é gigantesca e difícil de ser
mensurada. De acordo com o executivo, tem-se uma grande tentação de
falar sobre o risco de terceiros, de focar nos problemas dos bancos
e dos consumidores, mas o problema principal está no risco para os
negócios das empresas. “As ameaças nos setores de mineração e de
commodities, setores que estão por trás do crescimento do País, são
enormes”, finaliza ele.