Gigantes da indústria
farmacêutica têm investido na aquisição de inovações criadas por
startups do setor que precisará tratar 22 milhões novos casos de
câncer por ano até 2030
O mundo
terá 22 milhões novos casos
de câncer por ano até 2030,
segundo relatório divulgado pela Agência Internacional de Pesquisa
em Câncer. Nesse cenário, será preciso aumentar e acelerar os
tratamentos para diagnóstico e combate da doença, o que torna o
setor de oncologia uma área
promissora para investimentos. Ao menos é o que defende
matéria publicada na The Economist, que traz uma radiografia
da área: das dificuldades às oportunidades.
A revista ouviu representantes de
diversas empresas especializadas em investimentos. Entre elas
a Eric Schmidt, da Cowen, que afirma que o mercado de
oncologia já oferece “os retornos mais altos de investimento
em qualquer categoria terapêutica”. Três razões explicam esse
momento:
A primeira é
o crescimento na demandapor tratamentos de
câncer com o aumento de casos da doença e a expansão das classes
médias pelo mundo – que podem pagar planos de saúde. Segundo a
IQVIA, empresa que reúne dados do setor de saúde, entre 2012 e 2016
os custos globais em tratamentos relacionados ao câncer aumentaram
de US$ 91 bilhões para US$ 113 bilhões. Esses custos devem atingir
a marca de US$ 147 bilhões em 2021.
Outra razão é o progresso
científico, particularmente na manipulação de genes e
células. O pipeline [horizonte] dos medicamentos oncológicos em
desenvolvimento clínico se expandiu em 45% na última década. A
imuno-oncologia (IO), pelo qual o próprio sistema imunológico do
paciente é usado para atacar as células cancerígenas, está
particularmente em moda. O Goldman Sachs, por exemplo, avalia o
mercado de IO em torno de US$ 140 bilhões e prevê que esse campo
pode crescer em mais US$ 100 bilhões.
Além disso, outro fator apontado pela
The Economist para o crescimento desse setor é o fato de que o
mercado de tratamento de câncer tem aprovações regulatórias mais
rápidas do que o de outras doenças.
Onde investir
De acordo com a revista, a maneira
mais direta para investir no tratamento da doença é por meio de
ações de empresas que comercializam medicamentos. Mas os
investidores devem olhar também para
as startups do setor de oncologia, pois
a indústria farmacêutica tem investido
na aquisição de inovações criadas por essas empresas.
Segundo levantamento da CB Insights, o
investimento em capital próprio em startups de terapia contra o
câncer aumentou de US$ 2 bilhões em 2013 para US$ 4,5 bilhões em
2017. Um exemplo é a Juno Therapeutics, startup de Seattle fundada
em 2013, que desenvolve medicamentos de imunoterapia. A empresa foi
adquiria em janeiro pela Celgene, uma gigante do setor de
biotecnologia, em um negócio de US$ 9 bilhões.
Outras
oportunidades
Iain Foulkes, diretor de pesquisa da
Cancer Research UK (CRUK), levanta porém, uma preocupação. Segundo
ele, a maioria os investimentos nesse setor está perseguindo
oportunidades semelhantes. Isso pode fazer com que tipos mais raros
de câncer possam ser negligenciados.
Acordos entre investidores, institutos
de pesquisa podem ajudar a resolver esse problema. Um exemplo é uma
parceria entre a gigante farmacêutica Merck e a CRUK. A empresa de
medicamentos terá o direito de desenvolver produtos de qualquer
descoberta da CRUK e o instituto terá participação nos lucros e
royalties.
Outra possível solução é um aumento no
investimento “ético”, combinando retornos financeiros com o
propósito de fazer o bem. Um exemplo é o Healthcare Innovations
Fund, fundo de US$ 550 milhões, da empresa Deerfield, que destina
parte de seus investimentos para áreas atualmente
"desatendidas".
Brasil
Vale lembra que o mercado de oncologia
também terá um grande desafio nos próximos anos no Brasil. De
acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional do Câncer
(Inca), aproximadamente 1,2 milhão de novos casos de câncer
aparecerão no país em 2018 e 2019. O que nos leva a 600 mil novos
casos por ano.