O mercado automotivo brasileiro é
muito importante dentro do sistema econômico nacional, mas por
incrível que pareça o setor de autopeças que faz parte desse
mercado, não tem uma forma independente de monitorar a qualidade de
todas autopeças de reposição. Tratando-se de veículos novos, as
próprias montadoras controlam a qualidade das peças que usam na
montagem dos carros, em processos já bastante rígidos.
Essa “falta de monitoramento” pode
afetar os consumidores diretamente tanto pela qualidade dos
veículos produzidos – por isso as montadoras possuem controle tão
rigído das autopeças – como da indústria de seguros. Sim, as peças
influenciam o valor do seguro. Isso porque quando acontece um
sinistro e é necessário a reposição das peças, há uma inflação nos
preços e isso, inevitavelmente, é refletido no valor do seguro.
Agora que o seguro popular finalmente começa a ser comercializado,
o segmento de autopeças ganha destaque já que uma das
características da modalidade é a possibilidade dos veículos serem
reparados com peças não originais.
Diante dessa nova realidade do
mercado, Alexandre Martins, Gerente Nacional de Vendas da Intertek,
diz que a empresa pretende contribuir com o Brasil nesse sentido. A
Intertek desenvolve diversas atividades técnicas para a Certified
Automotive Parts Association (CAPA), organização internacional que
existe há 25 anos e que foi fundada pelas seguradoras
norte-americanas para justamente controlar a qualidade das
autopeças, principalmente para os itens chamados de aparência, como
parachoque, para-lama, capô, etc. Ele conta que o momento atual do
Brasil é muito semelhante ao que aconteceu nos Estados Unidos
quando também não existia um controle da qualidade das peças. “As
seguradoras criaram a CAPA, que hoje em dia apoia a concorrência
leal nesse mercado em todo mundo, com benefícios diretos para
seguradoras, cadeia de reposição automotiva e, principalmente, o
consumidor”, diz ele.
Qualidade das peças
Mas onde entra a Intertek? Martins diz
que a empresa foi escolhida pela CAPA para ser o braço técnico da
entidade. “A Intertek define requisitos técnicos, qualifica
auditores, treina profissionais das empresas, garantindo que as
autopeças certificadas possuam critérios mínimos de qualidade”,
explica. Além disso, a Intertek também possui os laboratórios onde
as peças serão testadas para emissão do certificado de qualidade.
Ele diz que hoje a CAPA tem atuação mundial e a Intertek quer
contribuir com o mercado brasileiro, principalmente no contexto do
seguro auto popular. Por isso, a Intertek tem buscado conversar com
as seguradoras sobre o assunto. “Queremos trazer esta tecnologia
que já está consagrada no mundo todo para o nosso País”.
Martins afirma que a Intertek é líder
global em testes laboratoriais, inspeção e certificação. “Nossa
ideia é refletir algo que fazemos no mundo todo e acreditamos que é
o momento de trazer isso para o Brasil”, opina. Ele acrescenta
ainda que trabalhar com certificação de autopeças influencia o
mercado de automóveis, já que não há controle da qualidade no
padrão CAPA ou similar para todo tipo de autopeça no mercado de
reposição. Ele reforça que o processo de controle existente hoje é
feito pelas montadoras, mas apenas nas autopeças que possuem suas
próprias marcas. “Em alguns casos, como o de pneus, rodas,
terminais e barras de direção, há um controle obrigatório
regulamentado pelo Inmetro”, alerta.
Para ele, a certificação ajuda a
moralizar o mercado. “O problema não é a concorrência, é a
concorrência desleal. Produtos que não cumprem o prometido, enganam
o consumidor e os deixa às vezes em uma potencial situação de
risco”, pontua.
Voltando ao mercado segurador, ele
lembra que a certificação de autopeças pode contribuir com o
mercado, já que com o sucesso esperado do seguro auto popular, as
seguradoras precisarão se preocupar cada vez mais com o controle da
qualidade das autopeças de reposição, resguardando a segurança de
seus clientes e seus próprios negócios. Com o seguro auto popular
disponível no mercado, haverá também uma ampliação natural de peças
não originais no mercado à disposição, já que as seguradoras
passarão a utilizar também esse tipo de produto.”