Representantes de seguradoras
criticaram nesta quarta-feira (26) o projeto que cria a nova lei
geral de seguros (PL
3555/04) durante audiência da comissão especial da Câmara dos
Deputados que analisa o tema.
O texto que, já recebeu 119
emendas, altera dispositivos do Código Civil e o Código Comercial para regular o mercado de
seguros privados, ou seja, todas as negociações que envolvam
consumidores, corretores, seguradoras e órgãos reguladores.
Desde que entrou em análise da
primeira comissão especial, em 2009, o projeto dividiu opiniões.
Mesmo após 12 anos de tramitação, o texto continua a ser criticado
por endurecer as regras do mercado de seguros e, de acordo com
alguns especialistas, criar desvantagens para as seguradoras.
Um dos artigos polêmicos
possibilita que terceiros entrem na Justiça contra a seguradora
para reaver danos causados pelos segurados. Se aprovado, a vítima
de um acidente de carro provocado pelo segurado, por exemplo,
poderia cobrar diretamente da seguradora.
“Não é possível que um terceiro que
não tenha nenhuma relação jurídica com a seguradora ingresse contra
ela. Inclusive porque o causador do dano pode ter elementos de
defesa que a seguradora desconhece”, disse o representante da
Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência
Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg), Luiz
Tavares.
Segundo a proposta, a empresa
poderia reaver o valor gasto com terceiros, em um segundo momento,
dentro dos limites da apólice do segurado.
Regra
única Outro ponto questionado trata da regulação
única que agrega contratos de grandes e pequenos consumidores. “Não
é possível criar uma regra geral que se aplique a uma usina
elétrica e a um consumidor hipossuficiente”, ressaltou o
superintendente da Suprintendência de Seguros Privados (Susep),
Joaquim Medanha de Ataídes. Ele diferenciou contratos de pequeno
valor (automóveis e vida) que podem ser padronizados daqueles que
envolvem altos riscos e precisam de maior flexibilidade.
Na mesma linha, o representante dos
corretores na audiência defendeu um marco legal que trate apenas de
pequenos consumidores. Segundo ele, as grandes empresas não
precisam dessa proteção porque têm setores especializados “maiores
que seguradoras” para cuidar do assunto.
“Essas empresas não precisam de uma
lei de contratos de seguros enrijecida, porque têm autossuficiência
para discutir não só o seguro, mas o contrato de resseguro com o
mercado”, afirmou o presidente da Federação Nacional dos Corretores
de Seguros Privados (Fenacor), Armando Vergílio.
Vergílio é ex-deputado e buscou
introduzir essa mudança em seu parecer quando relatou a matéria em
2013, no entanto sua versão não chegou a ser aprovada.
A intenção do atual relator da
matéria, deputado Lucas Vergilio (SD-GO), é apresentar
um substitutivo ao
projeto, até a próxima reunião do colegiado, marcada para 9 de
novembro.