No começo do ano, o setor de
seguros estava pronto para lançar um produto que, pela sua
importância, tinha tudo para ser o grande diferencial de 2016. O
produto foi lançado e, até agora, começo de julho, não aconteceu
nada, ou melhor, as seguradoras não comercializaram uma única
apólice porque o produto simplesmente não girou.
O seguro auto popular foi pensado e
desenvolvido para atender um público hoje à margem do mercado
porque o seguro convencional de veículos tem um custo/ benefício
que não compensa para os proprietários de carros com mais de cinco
anos.
Sua proposta é justamente atender
esse público, que tem interesse em segurar o bem, mas não o faz
porque o seguro é caro.
A grande diferença entre o seguro
auto popular e o seguro convencional de veículos é que, enquanto o
segundo exige a utilização de peças originais nos reparos, o
primeiro, pelo menos em teoria, abre as portas para o uso de peças
usadas certificadas ou peças genéricas, ou seja, peças do mercado
paralelo, sem a marca do fabricante.
Atualmente, o total de veículos
segurados no país mal e mal atinge 25% da frota. Isto é
consequência das caraterísticas do seguro de automóveis
convencional, desenhado para atender os veículos mais novos,
pertencentes aos cidadãos das classes A e B.
O potencial teórico do seguro auto
popular seriam os 75% restantes. Ou seja, a imensa maioria da frota
de veículos brasileira. Evidentemente, na prática, isso não será
jamais atingido, seja porque muitos proprietários não têm, nem
terão interesse ou condições econômicas para contratar o seguro,
seja porque milhares de veículos, em função de seu estado, não
seriam aceitos pelas seguradoras.
Mas projeções feitas por
especialistas apontam um potencial de 20 milhões de veículos que
poderiam ser segurados pelo seguro auto popular.
Num ano de crise aguda, com a venda
de veículos novos despencando e com a perspectiva da retomada das
vendas comprometida pela situação nacional, o seguro auto popular,
além de atender uma importante demanda da sociedade, surgia, nos
primeiros meses de 2016, como a alternativa que o setor de seguros
esperava para minimizar os estragos da crise.
Acontece que, depois que foi
lançado, o seguro auto popular não deslanchou. Uma série de dúvidas
e questionamentos, além de leituras incompletas da realidade
nacional, especialmente do que ocorre no setor de reparações de
veículos, vieram comprometer a sua venda, que foi considerada
inviável por todas as seguradoras interessadas.
Daí para frente, o assunto foi – e
ainda tem sido – tema de discussões entre todos os envolvidos.
Questões como se é verdade que há uma leitura distorcida ou não do
público alvo e do funcionamento do seguro auto popular, ou quais as
peças que podem ser utilizadas nos reparos cobertos por ele, ou
quais as diferenças de cenário entre as várias regiões do país
estão sendo analisadas e discutidas por autoridades, seguradores,
corretores de seguros e a cadeia automotiva, na expectativa de
acertar a sintonina fina para que o produto atenda às necessidades
dos segurados, com o máximo de segurança, sem, todavia, comprometer
o resultado do produto, em função de disposições que possam
encarecê-lo, sem acrescentar qualquer vantagem que as
justifique.
De acordo com as últimas
informações, estamos na boca de chegar a um consenso que permita
que o seguro auto popular finalmente entre no mercado. Ao que
parece, as principais arestas já foram aparadas e apenas alguns
detalhes mais simples ainda necessitam da concordância de todos os
envolvidos.
Quanto mais rápido isso acontecer,
melhor. Segurados, seguradores, corretores de seguros, fabricantes,
reparadores de peças e oficinas automotivas, todos ganharão com
ele. E isso num momento em que o país vê poucas chances de boas
notícias no curto prazo.