Talento ou disciplina:
como construir um time de vendas vencedor?
Respondido por Enio Klein, especialista
em vendas
Não é por falta de treinamento que
os times de venda de algumas empresas não são
eficazes. Empreendedores gastam bastante
dinheiro com eles. A pergunta é: eles são adequados?
Diz o mercado que vender é talento
e é comum escutar frases como: “os bons profissionais já nascem com
ele, basta treiná-los em nossos produtos”. Isto não é verdade. Da
mesma forma que não há dentistas natos, médicos natos, advogados
natos ou engenheiros natos. Não existe vendedor nato. Podemos
encontrar pessoas com perfil próximo da atividade de vendas, mas
nada garante que os mesmos irão ser bons ou maus vendedores somente
por causa disto.
É comum procurar candidatos
a vendas com este tal talento. São
características subjetivas como apresentação, facilidade de
expressão, carisma, persuasão, entre outras que compõem uma
personalidade que se acredita mais propensa a argumentar, convencer
e negociar com pessoas. Contudo, aspectos importantes como
formação, disciplina e disposição para receber treinamentos e
capacidade de auto-aprendizado são frequentemente negligenciadas. É
pensamento comum de que, desta maneira, construirão times de vendas
vencedores.
A pretensa dicotomia entre talento
e disciplina tem atrapalhado bastante a construção de times de
vendas. Embora os fatores subjetivos que caracterizam os vendedores
possam levar a bons resultados, estes não têm a consistência
necessária para serem previsíveis ou terem regularidade. Virtuoses
da venda podem dar resultado, mas podem não ser confiáveis sob o
ponto de vista da gestão.
Por outro lado, tem sido cada vez
mais frequente equipes menos “talentosas”, mas formadas
adequadamente, abertas ao aprendizado, disciplinadas e treinadas
continuamente em métodos de vendas eficazes, que apresentam, muitas
vezes, resultados melhores e mais confiáveis do que os “grandes
talentos”.
Abrir mão das melhores práticas,
metodologias de vendas e automação não é uma boa cartilha no
cenário dos negócios de hoje. Procurar os talentos é sempre bom,
mas lembrando sempre que não pode abrir mão de treiná-los,
prepará-los e instrumentalizá-los.
O talento é importante, mas jamais
aceite resistência em nome dele. Ser assertivo, ter previsibilidade
e ser gerenciável são qualidades importantes para quem quer bom
desempenho. A boa notícia é que podem ser adquiridas e
desenvolvidas com a ajuda de métodos, treinamento e automação.
Aproveite este início de ano e
considere estas questões em seus planos de treinamento. Você não
vai se arrepender!
Enio Klein é gerente geral nas
operações de vendas da SalesWays no Brasil e
professor de vendas e marketing da BSP - Business School São
Paulo.