Setor
de saúde desacelera este ano e prevê aumento de despesas para
2015
Com o
aumento de consumidores de planos corporativos, setor enfrenta o
desafio de redimensionar sua rede de operadoras para conseguir
atender a demanda crescente
Vivian Ito
São
Paulo - Com a retração econômica, o mercado de planos de saúde
suplementar desacelerou e prevê crescer 3% este ano, ante alta de
4% em 2013. Para especialistas, os principais desafios do mercado
para os próximos anos são: a redução das despesas e o
redimensionamento da rede hospitalar.
O
novo dimensionamento de rede deve servir para calcular a capacidade
de atendimento das operadoras, que têm sofrido com o aumento da
demanda dos planos de saúde coletivo (80% dos clientes
ativos).
"É
necessário um redimensionamento para aumentar a produtividade e
melhorar o serviço do setor. Devemos regular proporcionalmente o
número de médicos, especialistas e demais serviços de acordo com a
necessidade exigida em cada região", diz o diretor da Associação
Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), Antônio Carlos
Abbatepaolo. Para ele, além de incluir médicos é necessário
realocar os que estão em locais com baixa demanda.
Insatisfação
Mesmo
realizando 1,2 bilhão de procedimentos por ano, as operadoras ainda
estão em fase de adaptação, tanto que foram recordistas em número
de reclamações no balanço do Instituto de Defesa do Consumidor
(Idec) - com 26,6% do total de críticas feitas. Apesar de não
reconhecer a análise do Idec pelo número limitado de consumidores
consultados - apenas os associados - e pelo desconhecimento da
metodologia, especialistas ouvidos pelo DCI discordam e apontam que
a proporção entre o número de reclamações e todos os procedimentos
do setor é baixa.
Segundo eles, o mercado de saúde não funciona no
mesmo parâmetro de outros setores. "Não se trata de um produto e
uma queixa, porque cada solução médica exige mais de um
procedimento no setor laboratorial, médico e às vezes cirúrgico",
como explica o diretor executivo da Abramge, Antônio Carlos
Abbatepaolo.
Para
ele, em qualquer setor econômico existe a pressão por um aumento da
rede, o que as empresas de saúde têm feito é demorado "minimamente"
para abrir mais postos credenciados para atender a nova
demanda.
Planos empresariais
Ainda
de acordo com a pesquisa conduzida pelo Idec, os planos de saúde
coletivos brasileiros já representaram 70% dessas
reclamações.
"É
necessário uma regulamentação mais rigorosa da Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS) com os planos coletivos. São a maior parte
dos usuários e não têm suas necessidades atendidas", analisa o
gerente técnico do Instituto, Carlos Thadeu Oliveira.
Ainda
para os associados do órgão existem outras reclamações: 80% dos
associados não receberam o contrato de plano coletivo.
"Isso
ocorre pela falta de uma regulamentação para o segmento coletivo.
Eles entendem que o cliente é a empresa e não o funcionário.
Entretanto, deve ser o consumidor final", completa
Oliveira.
Gastos
Para
Abbatepaolo, outro desafio do setor tem sido o aumento das despesas
jurídicas.
"O
poder judicial tem entendido que a natureza do plano é exatamente a
de preservação da saúde e da vida", explica.
Segundo o advogado Vinícius Zwarg, a necessidade
de cada paciente também é levada em consideração e a previsão é que
este número de gastos aumente. De todos os casos defendidos este
ano, nenhum foi perdido, diz. "Quem deve determinar a necessidade
de um procedimento é o médico e não o plano".