Tratamento que envolve perda de peso,
medicamentos anti-inflamatórios e exercícios físicos pode ser muito
mais útil para os pacientes idosos
Uma nova revisão de estudos aponta
que os pacientes de meia-idade e os idosos não são se beneficiam, a
longo prazo, da cirurgia para reparar pequenas lesões nos
meniscos.
Pesquisadores da Universidade de
McMaster combinaram dados de sete ensaios clínicos randomizados e
controlados com placebo, envolvendo mais de 800 pacientes tratados
devido a lesões meniscais com cirurgia, cirurgia placebo ou
cuidados conservadores. A idade média dos participantes do estudo
era de 56 anos.
Em seis dos ensaios, a cirurgia
ofereceu uma melhoria significativa da função no curto prazo. Mas
os dados obtidos não apresentaram uma diferença significativa, no
longo prazo, na função entre os pacientes dos três grupos, pois a
cirurgia não forneceu alívio da dor no longo prazo.
Os pesquisadores observaram que suas
conclusões não são válidas para uma crise aguda de menisco em
pacientes jovens, quando realmente a cirurgia é a melhor
indicação.
"O dado mais interessante do estudo é
que uma pessoa de meia-idade com dor crônica no joelho devido ao
menisco pode não se beneficiar de uma cirurgia. Para esses casos, o
tratamento que envolve perda de peso, medicamentos
anti-inflamatórios e exercícios físicos pode ser muito mais útil",
observa o ortopedista Caio Gonçalves de Souza (CRM-SP 87.701),
médico do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Lesões no menisco
Lesões no menisco referem-se a um ou
mais rasgos nesta estrutura de absorção de choques do joelho. “O
menisco é uma cunha em forma de C localizada no joelho. Ele serve
como um sistema de absorção de choques, auxiliando na estabilização
dos joelhos e limitando a capacidade de flexão e extensão da
articulação”, explica o médico.
Lesões meniscais são mais comumente
causadas por entorses ou excesso de flexão da articulação do
joelho. “São comumente encontradas e podem ser traumáticas, como,
por exemplo, durante uma luta de jiu-jitsu, ou degenerativas.
Lesões traumáticas ocorrem classicamente em pessoas jovens e ativas
fisicamente. A posição clássica é a do joelho flexionado ao extremo
como, por exemplo, quando o indivíduo está agachado ou ajoelhado e
sofre um entorse repentino. Lesões degenerativas decorrem do
desgaste progressivo em todo o conjunto, mais frequentemente em
pacientes acima de 40 anos. Estas lesões são de clivagem,
geralmente horizontais, com menor capacidade de cicatrização”,
explica o ortopedista.
Os sintomas são dolorosos. “A dor
aguda é causada pelo menisco lesionado (ou rasgado) que faz pressão
sobre a cápsula da articulação sinovial, local bem inervado. O
inchaço resulta da inflamação da membrana sinovial e o derrame
(‘água no joelho’) é causado pelo excesso de produção de líquido
sinovial”, explica Caio G. Souza, que também é professor de
Ortopedia da Faculdade de Medicina na Uninove.
O quadro clínico também pode
incluir:
·
Dores articulares no joelho ao caminhar;
·
Dor no joelho no espaço entre os ossos, que piora quando é aplicada
uma pressão suave sobre a junta;
·
Bloqueio da articulação do joelho;
·
Dificuldade para agachar;
·
Atrofia dos músculos da coxa (quadríceps).
O tratamento de uma lesão meniscal
depende de sua localização, tamanho, tempo de ocorrência, idade do
paciente e de sua relação com a prática esportiva. “O tratamento
poderá ser conservador (indicado a pacientes idosos) ou cirúrgico,
com a realização da meniscectomia parcial (retirada de parte do
menisco) ou sutura do menisco. As meniscectomias totais (remoção da
maior parte do menisco) já foram muito realizadas, mas, hoje
sabemos que este tipo de procedimento leva à artrose do joelho no
futuro. Atualmente, uma pequena parte do menisco é ressecada
(meniscectomia parcial) para deixar uma borda estável. A
cirurgia normalmente é realizada por via artroscópica sob
anestesia, o que permite que, muitas vezes, o paciente receba
alta no mesmo dia”, informa o ortopedista Caio Gonçalves de
Souza.
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