Lista de obstáculos inclui tornar a TI realmente
estratégica e conhecer melhor as áreas de
negócios
Inovar é palavra de ordem no setor de TI. Mas o
tema desafia CIOs de empresas de todos os segmentos. A área da
Saúde, bem como muitas outras, deparam-se todos os dias com uma
lista de obstáculos que inclui responder demandas básicas do dia a
dia, inovar sem criar um Frankenstein e tornar TI realmente
estratégica.
“Somos provocados dia a dia a inovar
e mudar. Mas temos limitações”, lembrou Marcio do Lago, CIO do
Hospital Doutor Cristóvão da Gama, durante painel realizado no
HIMSS Latin America 2014, em São Paulo. Para ele, TI está trilhando
um caminho sem volta liderado por tendências como cloud computing,
Big Data e mobilidade. “Estamos tentando sair da mesmice. Os
fabricantes também têm de encontrar equilíbrio entre inovação,
viabilidade do negócio e expansão”, observa.
Lago pontua que os setores de TI têm
de oferecer melhor atendimento aos clientes internos e pacientes,
sem aumentar custos, garantindo eficiência, mas ao mesmo tempo
rentabilidade para os negócios. “É preciso encontrar um equilíbrio
entre inovação e viabilidade”, acredita. Para ele, o CIO tem
mea-culpa no cenário. “Não podemos nos tornar dinossauros. Temos de
ter uma postura diferente, entender menos de infraestrutura e mais
de negócios. Ser estratégico”, provoca.
Mas o que fazer para tornar-se
estratégico, pergunta outro CIO na plateia. Deixar o “tecniquês” e
buscar profissionais de TI que realmente falem a linguagem de
negócios, responde André de Almeida, presidente da Associação
Brasileira CIO Saúde (ABCIS), entidade criada há dois anos com o
objetivo de compartilhar conhecimento entre os diretores de TI da
área e promover melhorias.
David Oliveira, CIO do Sepaco, é um
dos exemplos de quem conseguiu usar a TI para alavancar os negócios
e transformar a visão de outros setores sobre a tecnologia da
informação. O executivo chegou ao Sepaco há dois anos com o desafio
de transformar a gestão de TI e garantir rápidas tomadas de
decisão.
O cenário era de caos. Os
computadores estavam ultrapassados, gerando gastos anuais em torno
de R$ 15 mil por mês, relatórios consumiam cerca de dez minutos
para serem gerados e o data center tinha mais de oito anos com 80%
dos servidores montados dentro de casa. “Os smartphones dos
executivos tinham mais memória do que nosso data center”,
brinca.
Um Comitê de TI foi criado e contou
com a participação das áreas de negócios, como Financeiro,
Controladoria e RH. “Minha missão era sensibilizar todos que
precisávamos melhorar para aprimorar o atendimento ao paciente”,
lembra Oliveira.
Estabeleceu-se, então, um Plano
Diretor dividido em quatro pilares: infraestrutura básica, data
center e desktops, sistemas de gestão e, por fim, integração. Foram
criados 19 projetos, que tiveram início em julho de 2012 com
entrega prevista para dezembro de 2014.
Oliveira lembra que para construir o
cenário ideal era necessário contar com uma verba de R$ 3 milhões
de reais, mas seu orçamento anual era de R$ 1,5 milhão. Iniciou-se
uma jornada de salvar dinheiro para investir. O executivo conta que
somente a economia com PCs, em três anos, será de R$ 40 mil. Ele e
sua equipe fizeram ajustes e conseguiram executar todos os projetos
dentro do budget estabelecido.
Para garantir sustentabilidade
tecnológica era preciso integrar tecnologias, como equipamentos
médicos, cruzando dados para tomar decisão clínica. “Usamos a
integração para gerar alertas, ajudando o paciente a receber os
cuidados corretos”, relata.
Diante do cenário desafiador, o CIO
do Hospital Sepaco reflete que ele poderia desistir ou deixar o
negócio da forma que estava. “Aquela era a realidade. Por isso, a
lição que fica é a de que precisamos encontrar formas de executar
as mudanças, mesmo diante de adversidades”,
conclui.