Um
grupo de empresas da indústria de ferro e aço insatisfeito com as
suas seguradoras resolveu criar uma associação que desse cobertura
para os seus riscos. Assim nasceu a seguradora HDI na Alemanha há
111 anos. É essa especialidade, a de riscos corporativos, que o
grupo alemão está trazendo agora para o Brasil.
A
Talanx, holding sob a qual está a operação da HDI, já tem duas
empresas operando no país: a HDI, focada em seguros de varejo,
principalmente em apólices de automóveis, e a resseguradora
Hannover Re. Agora, inaugura a operação da HDI Gerling.
Christian Hinsch, presidente mundial da HDI
Gerling e vice-presidente do conselho da Talanx, esteve semana
passada no Brasil para lançar oficialmente a operação. Ele conta
que até agora o grupo só oferecia coberturas corporativas no país
para clientes globais e que agora vai prover seguros também para as
companhias locais.
A
companhia recebeu autorização da Susep (órgão regulador) para a
nova seguradora em junho e neste mês todas as aprovações para os
produtos. Vai começa a operar com capital de R$ 40 milhões e atuar,
num primeiro momento, com seguros patrimoniais, responsabilidade
civil, engenharia e transportes. Mas a ideia é operar em todas as
linhas do segmento corporativo e ofertar novas apólices ao longo do
tempo.
A
operação foi gestada nos últimos 12 meses e, no meio do caminho,
apareceu a oportunidade de comprar a operação de grandes riscos do
Itaú. A companhia participou da concorrência, foi até as últimas
etapas, mas a americana Ace acabou levando o ativo. “Estavámos
interessados nos clientes”, disse Hinsch. A unidade de seguros de
grandes riscos do Itaú é a maior do país, com faturamento anual de
R$ 2 bilhões, e tem entre seus clientes a Petrobras.
A
operação da HDI Gerling não começa do zero, pois já conta com os
prêmios de seguros dos clientes globais, de cerca de R$ 200
milhões, que até então eram emitidos pela seguradora de varejo, a
HDI. À medida que as apólices forem renovadas, serão emitidas pela
nova seguradora.
A
equipe da HDI Gerling será comandada por Guillermo Léon, que foi
presidente da AIG no país, e começa com 24 profissionais. O
backoffice da operação será compartilhado com a HDI. Segundo León,
o plano é aumentar a equipe para 32 pessoas até o fim do
ano.
O
segmento de grandes riscos tem passado por mudanças no país, com
companhias deixando o negócio e outras entrando. A acirrada
competição e a queda dos preços têm feito uma seleção natural, em
que têm permanecido seguradoras multinacionais, com capacidade e
escala para suportar a volatilidade do negócio.
Hinsch sabe exatamente o desafio que o aguarda.
“No Brasil há restrições para importar e exportar capacidade [de
resseguro], algo que temos que considerar”, diz. O executivo se
refere à reserva de mercado de 40% que as resseguradoras locais
têm, o que limita a atuação de estrangeiras. Ele lembra que o
negócio de riscos corporativos demanda muito capital, pois envolve
riscos grandes. Para ganhar dinheiro no segmento, diz, é necessário
que o braço local seja integrado à operação global. “No Brasil isso
não é tão fácil, mas vemos boas oportunidades. Queremos ser uma
companhia global e isso não é possível se não estivermos no maior
mercado da América Latina.”
Sobre
o cenário econômico do país, Hinsch disse que a companhia tem uma
visão de longo prazo. “Economias crescem e se retraem, já vimos
muito isso nos nossos 100 anos de história e ainda assim
conseguimos ser rentáveis.”