Relatora de PL propõe redução gradual da
carga semanal de trabalho para 30 horas. Texto, que sofre
resistência de gestores, não tem apoio do PMDB
A
relatora do projeto que fixa em 30 horas semanais a jornada de
enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e parteiras,
deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), propôs uma emenda que dá cinco
anos para que a medida seja efetivada. A ampliação progressiva será
decidida por regulamento para o setor público e por negociação
coletiva no setor privado. A intenção é derrubar resistências à
proposta (PL 2295/00), que tramita na Câmara há 14 anos.
O projeto estava na pauta do esforço
concentradodesta semana, mas não houve possibilidade de votação por
causa da pauta trancada por medidas provisórias. O presidente da
Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, disse que pretende
colocar a proposta em votação na primeira semana de setembro ou
depois das eleições de outubro.
Negociações
O conteúdo da emenda foi negociado
com alguns líderes partidários em julho. A emenda será apresentada
durante a votação em Plenário se houver acordo para a sua aprovação
na Câmara e no Senado, já que qualquer mudança no projeto original
obriga o texto a voltar para uma nova votação pelos
senadores.
O ideal, segundo Jandira Feghali,
seria aprovar o projeto original, que poderá ir direto para sanção
presidencial. “Só faz sentido escalonar em cinco anos a jornada se
possibilitar a tramitação dessa proposta em um consenso. A nossa
preferência é pela votação das 30 horas e pelo envio direto à
sanção”, explicou. A emenda já tem o apoio de líderes de PSDB, PSC,
SD, Psol, PDT, PR, PCdoB e PV, entre outros.
O presidente da Câmara defendeu a
emenda. “O prazo de cinco anos para aplicabilidade deixa um espaço
maior para o diálogo e a construção de uma fórmula negociada”,
disse Henrique Eduardo Alves.
Para o deputado Chico Alencar
(Psol-RJ), a emenda traz um texto “equilibrado” e “gradual até
demais”.
Posição do PMDB
O líder do PMDB, deputado Eduardo
Cunha (RJ), no entanto, manifestou posição contrária à proposta.
Ele lembrou que o partido não concordou com o regime de urgência da
proposta e disse que até sofreu ameaças nas redes sociais por isso
e teve de ir à Justiça para que fosse retirado da internet um
banner com conteúdo ofensivo.
Para Cunha, a carga horária de todos
os profissionais do setor deve ser discutida como um todo. “Não
podemos, a cada dia que passa, achar que uma categoria vai ter uma
carga horária diferenciada. Hoje são os enfermeiros, amanhã serão
outros”, disse. Ele avaliou que a discussão da carga horária
camufla uma discussão salarial. “O que estamos discutindo é
salário. Uma carga menor que permita ao enfermeiro ter um duplo
emprego e um salário melhor”, disse.
A íntegra da proposta pode ser lida
no site
da Câmara.