Em uma
amostra de 345 empresas, de seis países, apenas 8% de mulheres
pertencem a comitês executivos e 5% ocupam cargos de diretoria, diz
McKinsey & Company
Reflexo de um passado em que o modelo de trabalho
foi construído por homens e para homens, as mulheres ainda não
atuam de igual para igual, principalmente quando o comparativo se
restringe aos cargos de liderança. Apesar de pesquisas apontarem
mudanças nesta realidade, das 35 pessoas que estão à frente das
empresas do ranking da Great Place to Work (GPTW) em Saúde,
apenas sete
delas são mulheres.
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feminina: o que pensam as gestoras?
A
proporção discrepante desta pequena amostra coincide com um
levantamento feito pela consultoria americana McKinsey & Company,
em 2013, sobre a importância das mulheres no mercado de trabalho
latino-americano. Apesar da grande proporção de mulheres graduadas
na região, poucas chegam ao topo.
De
345 empresas analisadas, de seis países, somente 8% de mulheres
pertencem a comitês executivos e 5% ocupam cargos de diretoria –
percentuais abaixo de países como Europa (10% e 17%) e Estados
Unidos (14% e 15%), respectivamente.
Entre
os principais fatores que justificam tal cenário, segundo pesquisa,
estão a questão do preconceito e a dupla jornada feminina – que
consiste em conciliar responsabilidades do trabalho com as de casa
e família -, ambos decorrentes de aspectos culturais.
“Antigamente, para ser respeitada em uma mesa,
era preciso usar ombreiras, ter um perfil ´duro´ para se fazer
ouvir. Agora, as pessoas evoluíram, podemos usar vestidos, decotes.
Já não é preciso aquele estereótipo”, conta a presidente da Genzyme
do Brasil, Eliana Tameirão, líder da 2° colocada do
ranking.
Em
meio a essa aparente desvantagem feminina, um dado curioso mostra
que as duas primeiras empresas colocadas, entre as 35 listadas, são
conduzidas por mulheres e, no caso do Laboratório Sabin, medalhista
de ouro desta edição, dos 106 cargos de chefia, 82 estão nas mãos
delas.
“A
gente é mulher e gosta muito de trabalhar com mulher. Elas possuem
uma sensibilidade aguçada e uma capacidade intuitiva grande”,
afirma a presidente executiva do Laboratório Sabin, Lídia
Abdalla.
Além
disso, apesar de apenas 20% terem aparecido no cargo máximo da
organização, elas foram a maioria no quesito distribuição por
gênero do estudo GPTW, inclusive nos cargos de gestão (veja o
gráfico abaixo).
O
levantamento da consultoria McKinsey vai mais longe e relaciona
desempenho financeiro com presença feminina na diretoria –
característica aferida em diferentes ramos de negócios e regiões do
mundo.
Empresas com uma ou mais mulheres como parte do
comitê executivo superam economicamente àquelas compostas por
homens em sua totalidade. A média de retorno sobre o capital
próprio daquelas empresas que possuem representantes femininas no
board é 44% mais alta e a margem ebtida (lucros antes de juros,
impostos, depreciação e amortização) 47% maior.
Sinais como o aumento, entre 2000 e 2010, do sexo
feminino em cursos predominantemente masculinos como engenharia
eletrônica (52,4%), ciências atuariais (48,5%) e engenharia de
produção (42,3%) denotam uma transformação, requerida também por
meio de projeto de lei (PLS 112/2010) da senadora Maria do Carmo
Alves (DEM-SE).
A
proposta estabelece que pelo menos 40% dos conselhos de
administração das empresas públicas e das sociedades de economia
mista deverão ser integrados por mulheres de forma gradual: 10%,
até o ano de 2016; 20% até 2018; 30% até 2020 e 40% até
2022.