Quando bate a ansiedade, medo
ou aflição, cada um recorre à sua válvula de escape. Enquanto
alguns ficam com as pernas inquietas, descontam na comida, muitos
se entregam ao hábito de roer unha. Um vício que causa danos que
vão além da estética, visto que a mão é a parte do corpo com maior
probabilidade de contato com agentes contagiosos, a exemplo de
vírus e bactérias.
De acordo com a infectologista do
Centro Médico Cardio Pulmonar e da Universidade Federal da Bahia
(UFBA), Jacy Andrade, o ato de roer unha está diretamente
relacionado com a higiene básica. “As mãos sujas são fontes de
transmissão de doenças. E esse hábito favorece o contagio, porque
bactérias ficam embaixo das unhas. Ao colocar a mão na boca, o
indivíduo também ingere o microorganismo”, explicou.
Andrade esclarece que não há como
definir todos os tipos de bactérias e as doenças que o hábito em
questão pode causar, mas o vírus da gripe é um dos mais comuns.
“Você espirra, tem outros contatos, manuseia objetos, depois coloca
a mão na boca. Evitar esse ato é uma prevenção de de doenças. Se
roer a unha e esta estiver contaminada com o vírus H1N1, com uma
parasitose, você pode ser contaminado por causa deste péssimo
hábito”, alertou a especialista.
Este tipo de comportamento também
pode ser prejudicial no aprendizado, conforme informou a
psicopedagoga Edilene Medrado. “Qualquer tipo de comportamento ou
vício que tire minha atenção do foco vai prejudicar o resultado que
pretendo obter. Uma pessoa que está na sala de aula, com uma
prática compulsiva, atitude sem controle, acaba saindo do objetivo
de aprendizado”, elucidou.
A fim de evitar perder a
concentração e ter seu foco alterado, a psicopedagoga recomenda que
se faça uma avaliação particular, analisando qual sentimento está
sendo responsável pelo comportamento fora do normal. “Existe
a necessidade de fazer uma investigação, porque não é nada natural
a gente roer unha. É ansiedade? Medo? Válvula de escape? É
necessário descobrir o que está causando este comportamento para
depois tratar. Roer unha dói, pode machucar, mas não causa apenas
danos estéticos”, aconselhou Edilene Medrado.
A universitária Rafaela Almeida,
19, admite que faz uso da prática sempre que está ansiosa.
Entretanto, ela afirma que vai desviar o vício para outro tipo de
comportamento. “É inevitável não ter alguma reação quando se está
passando por problemas, até mesmo no período de provas. Mas por se
tratar de uma questão de higiene, e agora também que me toquei
sobre as doenças, vou tentar evitar. Acho que balançar a perna é
mais saudável. Vai que resolve”, almejou.