As grandes empresas e suas
corretoras estão tratando do assunto já faz tempo. Aliás, não é a
primeira vez que o problema acontece, no Brasil ou no mundo. Sim,
no mundo também. A oscilação do valor das moedas nacionais, depois
da globalização, tem forte impacto nas apólices de seguros
empresariais.
Agora mesmo o Euro está com a menor
cotação em mais de uma década. Seu valor é praticamente o mesmo do
Dólar. Isso pode acarretar importâncias seguradas mais altas do que
as necessárias ou o contrário – riscos segurados por menos do que
seria o correto. Para que o seguro continue bem feito, as duas
situações devem ser corrigidas, quer pelo aumento dos valores das
apólices, quer pela sua redução, com a consequente devolução de
prêmio pago a mais.
O Brasil viveu esta situação
durante e depois da hiperinflação. Já com o Plano Real garantindo a
estabilidade da moeda, as oscilações para mais e para menos do
Real, especialmente em relação ao Dólar, já causaram movimentos
como os descritos acima, com forte impacto nos seguros.
A situação das empresas
brasileiras, no momento, está longe de ser confortável. Com grande
parte do parque industrial composto por equipamentos importados, ou
com grande quantidade de componentes importados, a desvalorização
impressionante do Real diante do Dólar faz com que uma parte
significativa das empresas brasileiras, no caso de um sinistro,
simplesmente não consiga repor os equipamentos afetados, ainda que
tendo uma apólice corretamente contratada quando da aquisição da
máquina ou equipamento.
Não faz muito tempo, o Real valia
um e setenta por Dólar. Agora a relação é de três por Dólar. Isso
significa que o valor do Dólar em relação a ele praticamente
dobrou. O que, na prática, obriga o empresário que necessite repor
um equipamento a pagar, em reais, quase 50% a mais do que pagaria
no passado recente.
O problema é que as apólices de
seguros brasileiras são emitidas em Real. Assim, ainda que a
empresa tenha um seguro feito corretamente na época da contratação,
atualmente, por causa da desvalorização cambial, ela estará com as
importâncias seguradas dos equipamentos importados completamente
defasada, com tudo de ruim que isso representa.
O primeiro prejuízo é que, no caso
de uma perda total, os valores das apólices não serão suficientes
para pagar a aquisição de novos equipamentos com preço em Dólar. O
segundo é que a defasagem cambial joga o segurado nas consequências
previstas na cláusula de rateio, ou seja, ele, mesmo sem querer e
por fato estranho à sua vontade, se torna sócio da seguradora na
proporção a menos entre o valor real do bem e o constante da
apólice.
Por isso, as grandes empresas estão
preocupadas com o tema e discutindo com seus corretores e
seguradores a melhor forma de neutralizar ou minimizar o problema.
Mas, e as empresas médias e pequenas, será que têm noção do risco
que isso significa para sua capacidade de atuação e a preservação
de seu patrimônio?
Provavelmente não. Seus
administradores não conhecem os detalhes da atividade seguradora e
nem sempre os corretores que os atendem estão preparados para lidar
com sofisticações como o reajuste dos valores segurados em função
da variação cambial.
É por isso que é interessante
aproveitar o fechamento dos balanços para fazer uma reavaliação do
ativo, com foco especial nas máquinas e equipamentos
importados.
O que custava 100 mil dólares
continua custando 100 mil dólares, só que 100 mil dólares, hoje,
valem 300 mil reais e não mais os 170 mil reais de um ano atrás.
Quem não se preocupar com essa diferença e não providenciar a
correção dos valores de sua apólice, em caso de sinistro, corre o
risco de receber de sua seguradora, em reais, muito menos do que o
imaginado e que, convertido para dólares, será seguramente
insuficiente para repor o que foi destruído pelo sinistro.
Qual a solução? Reavaliar os
seguros levando em conta o novo preço dos produtos importados em
reais e, além disso, verificar se a apólice tem cláusula de rateio
parcial.