A bancada do Partido Comunista do
Brasil (PCdoB) na Câmara dos Deputados protocolou, nesta
terça-feira (10), dois projetos de Decreto Legislativo que têm o
objetivo de impedir o aumento dos preços dos planos de saúde e
alterações nos modelos de seguros, autorizados pelo governo de
Michel Temer (MDB).
Em 28 de junho, a Agência
Nacional de Saúde Suplementar (ANS) autorizou aumento de até 10% no
valor dos planos de saúde individuais e familiares. A medida foi
anunciada depois que a Justiça derrubou liminar que limitava o
reajuste a 5,72%.
Além disso, para novos contratos,
criou dois novos modelos: de franquia e de coparticipação. No
primeiro, o plano só arca com custos a partir de um valor
previamente determinado. Na coparticipação, o segurado poderá pagar
até 40% de um serviço médico, desde que não ultrapasse o valor de
uma mensalidade.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ),
aponta que o percentual do reajuste não se justifica, já que a
inflação em 2017 ficou em torno de 2%. Ela também
considera que os novos modelos são lesivos aos clientes dos
planos.
“O reajuste está bem acima da
inflação. Aliás, é de praxe a ANS autorizar [os reajustes] as
grandes operadoras, que movimentaram, só em 2017, R$ 170 bilhões.
Os novos modelos violam profundamente o direito do usuário. Agride
o direito de acesso e sobrecarrega os gastos que se pode
arcar, inclusive no aspecto da imprevisibilidade”, diz.
Para Orlando Silva (PCdoB-SP), as
novas medidas são mais um indício do descompromisso de Temer e
seus apoiadores com a área da saúde.
“A saúde é uma tragédia no Brasil.
Temer congelou os investimentos [do Sistema Único de Saúde, o
SUS] com a emenda que congelou os gastos públicos. Não satisfeito,
ele autoriza aumentos abusivos em planos de saúde. Vamos
exigir que o presidente da Câmara coloque [os decretos propostos
pelo PCdoB] na pauta”, afirma.
Por se tratarem de decretos que têm o
objetivo de sustar uma decisão presidencial, as propostas do PCdoB
serão avaliadas apenas na Câmada dos Deputados e no Senado Federal,
sem necessidade de sanção do Presidente da República.