Já no segundo semestre do 2018, planos
e operadoras de saúde serão liberados para cobrar dos pacientes uma
franquia, equivalente ao valor da mensalidade, como ocorre hoje com
os seguros de veículos, segundo notícia que acaba de ser veiculada
na imprensa. Será uma espécie de coparticipação, em que o paciente
pode ter de arcar com uma parte dos custos de procedimentos e
consultas toda vez que utilizar seu plano de saúde.
As mudanças estão em normativa a ser
publicada até junho pela Agência Nacional de Saúde Suplementar
(ANS). Entretanto, já vêm sendo denunciadas pela Associação
Paulista de Medicina (APM), ao menos há dois anos, quando surgiram
os primeiros rumores de que o Governo gestava uma série de produtos
que, na prática, significam retrocesso à Lei 9656/98 e ameaçam (com
graves riscos) a saúde dos usuários do sistema complementar.
A ANS, por meio de sua Diretoria de
Desenvolvimento Setorial, tenta justificar o absurdo, afirmando que
há procedimentos que custam milhares de reais. Na prática, a medida
alivia os cofres das empresas de seguro de saúde e manda a conta
para a parte mais vulnerável, o paciente.
“Preocupa-me saber que o Brasil esteja
tão distante desse mundo de dignidade e atenção à saúde das
pessoas”, critica o presidente da APM, José Luiz Gomes do Amaral.
“Em momento de proximidade das eleições, nossa mobilização é
propícia para pressionar os futuros dirigentes públicos, seja na
esfera executiva ou legislativa. É necessário aproveitar a
oportunidade para mudar a nossa atual realidade e cobrar daqueles
que pretendem nos representar uma atitude mais firme, consciente e
técnica em face da gestão da Saúde no Brasil”.
Cobertura limitada –
Outra proposta condenável, em estudo na ANS/Ministério da Saúde,
visa ressuscitar planos de saúde de cobertura limitada,
ironicamente batizados de “populares”.
A Associação Paulista de Medicina é
contrária à proposta. Segundo o diretor de administração, Florisval
Meinão, antes da Lei 9.656/98 não havia critérios para as
coberturas, com o prevalecimento do poder de mercado sobre os
usuários. “É preocupante o andamento dessa discussão, já tivemos
modelos semelhantes no passado e foram extremamente prejudiciais
aos pacientes.”