A Ouvidoria da Secretaria Estadual da
Mulher recebeu, na sexta-feira, novas queixas contra o médico
traumatologista de 35 anos que foi acusado por duas pacientes de
tê-las abusado em um consultório na UPA da Imbiribeira, Zona Sul do
Recife. A Ouvidoria, que recebeu as queixas pela sua central de
teleatendimento (0800-281-8187), orientou as vítimas a procurar a
Delegacia da Mulher. Nenhuma denúncia foi oficializada até a noite
da sexta.
O médico deve prestar depoimento à Polícia Civil na próxima semana.
A delegada Ana Elisa Sobreira, da 1ª Delegacia de Polícia de
Prevenção e Repressão as Crimes Contra a Mulher, aguarda os
resultados do exame sexológico da vítima. Somente com a perícia em
mãos, ela poderá definir o caso. Funcionários da UPA também serão
ouvidos na próxima semana. A delegada informou ainda que a
investigação possivelmente será concluída antes do prazo de 30 dias
estipulado por lei. Se as acusações forem comprovadas, a polícia
pode pedir a prisão preventiva do médico à Justiça.
Duas denúncias contra o profissional
de saúde já estão sendo apuradas. A primeira foi registrada na
quarta-feira, por uma jovem de 18 anos que procurou o atendimento
no setor de traumatologia da UPA após sofrer um acidente em casa. O
caso está sendo investigado como estupro. A outra vítima, uma
mulher de 33 anos, sofreu importunação ofensiva ao pudor durante
uma consulta no dia 15 de fevereiro. Ela informou à polícia que
percebeu uma ereção do médico durante a consulta. Ela reagiu, e o
homem se afastou.
O traumatologista, cujo nome não foi divulgado, foi afastado das
suas funções na UPA pela Secretaria Estadual de Saúde. Além da
unidade da Imbiribeira, atende em um um hospital particular na Ilha
do Leite e na rede de um plano de saúde. O profissional formou-se
em medicina em 2009 na Universidade Federal do Rio Grande do
Norte.
O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco abriu sindicância
administrativa para apurar a conduta do médico. A investigação pode
durar 60 dias. O especialista deverá ser ouvido e a situação
analisada pela Câmara de Conselheiros. Se houver fundamento na
denúncia, o processo seguirá para julgamento pela entidade. O
traumatologista estará sujeito a advertência confidencial, censura
pública, afastamento das funções por 30 dias e cassação do
registro. Segundo o conselho, 900 sindicâncias tramitam atualmente
e não há nenhuma outra sobre abuso sexual. A maioria se deve a
queixas por mau atendimento. Desse total, 37 foram julgadas pela
câmara e uma caso foi levada ao Conselho Federal de Medicina, em
Brasília.