Atraso
na renovação dos contratos de plano de saúde para servidores da
Prefeitura do Rio está levando funcionários públicos a
interromperem o tratamento. Há duas semanas, cerca de 60 mil
servidores que tinham convênio com a Caberj foram informados pela
Previ Rio que deveriam mudar para outra operadora, a Assim.
A cada dois anos, acontece a
renovação dos contratos dos planos de saúde com a Prefeitura do
Rio. Através de nota, a prefeitura informou que os contratos com as
duas operadoras acabariam nesta quarta-feira, dia 31. O
encerramento antecipado prejudicou funcionários como Elisabeth.
Dona Elisabeth trabalhou 23 anos
como professora do município do Rio. A aposentada faz tratamento
contra um câncer de pulmão com metástase na coluna. Toma 13
medicamentos, quatro deles só para diminuir as fortes dores que
sente.
Elisabeth correu para fazer a
migração mas recebeu a informação de uma funcionária da Assim que
deviam desconsiderar o tratamento prescrito pelo médico, que
incluía quatro ciclos de quimioterapia. A próxima etapa já estava
marcada para quinta-feira, dia 1º. Segundo ela, foi informada que
deveria fazer novos exames e uma nova avaliação, o que coloca em
risco o seu tratamento e a sua vida.
"Eu até achei que os meus
exames, como são recentes, né, que eles iam aproveitar, porque
seria uma forma também de economizar esse tempo, mas eles disseram
que não. Eu vou ter que aguardar o dia 1º. A partir daí eu vou
começar tudo de novo. Não posso esperar, porque o meu caso é um
caso como de outras pessoas que eu estou sabendo. É um caso urgente
e eu não posso esperar", conta.
Segundo a Prefeitura do Rio, a
Caberj pediu um reajuste de 78% nos planos básicos e não foi
possível continuar com o contrato. A Assim aceitou o aumento de
4,4% no valor dos planos e prorrogou o atendimento para os
servidores por seis meses.
Antes da migração, 60 mil
funcionários da Prefeitura do Rio eram atendidos pela Caberj, e
outros 90 mil pela Assim. Agora, serão 143 mil na Assim. O
sindicato dos servidores da Prefeitura do Rio diz que se ofereceu
para intermediar uma solução. Mas culpa a prefeitura por deixar 160
mil funcionários sem opção.
"O sindicato notificou o
Previ-Rio, postulou, junto ao presidente do instituto, que ele
permitisse a nossa participação. Não conseguimos. Conseguimos
apenas a prorrogação dos contratos", disse Frederico Sanchez,
diretor-jurídico da Sisep Rio.
A professora Elisabeth lembra
que muitos servidores aposentados estão doentes e precisam de
tratamento.
"Eu sei que a minha voz hoje é a
de muitas pessoas. Ah, muito chateada, muito chateada porque é a
vida da gente, né. Eu quero viver. Eu quero viver", afirma.
A Assim informou que a
professora Elisabeth vai poder dar continuidade ao tratamento
prescrito pelo médico dela em uma das clínicas do plano
especializadas em oncologia.
A Prefeitura do Rio explicou que
ainda não existe uma data para a licitação que vai definir os novos
planos de saúde. E ainda afirmou que a continuidade dos tratamentos
oncológicos está garantida pela Assim, além das internações de
pacientes que não pode ser transferidos. A administração municipal
declarou também que grávidas estão tendo atenção especial.